Sábado (14) a Arábia Saudita foi alvo de ataques a refinarias da estatal saudita de petróleo, Aramco. Essas refinarias eram responsáveis por cerca de 5% da produção de petróleo de todo o mundo. O ataque teria partido dos rebeldes Houthis, no norte do Iêmen. Como consequência do ataque, na abertura dos mercados na segunda-feira o petróleo subiu quase 20% na bolsa de Londres. Foram 19,5% de subida, chegando a US$71,95, maior alta do petróleo desde a Guerra do Golfo em 1991.
A subida do petróleo foi contida com o anúncio de Donald Trump, presidente dos EUA, de que utilizaria as reservas estratégicas de petróleo do país. Trump aproveitou para reforçar suas ameaças ao Irã, responsabilizando o país pelo ataque. Os Houthis são aliados do Irã no Iêmen.
Cerco ao Iêmen
A Arábia Saudita é líder de uma coalizão regional que ataca o Iêmen desde 2015, sob o comando dos EUA. Depois que um governo apoiado pelos sauditas foi derrubado, o imperialismo apressou-se em buscar impedir que o pequeno país no sul da Península Arábica caísse sob o controle de aliados do Irã. O custo humanitário dessa intervenção tem sido catastrófico. O Iêmen é o país mais pobre do Oriente Médio, e está cercado pela coalizão dos sauditas, que não permite a entrada de mercadorias básicas, como alimentos e remédios. Sob as ordens do imperialismo, a coalizão está provocando fome e epidemias que atingem milhões de pessoas, enquanto destrói toda a infraestrutura do Iêmen.
Nesse quadro, o ataque às refinarias foi uma resposta ao cerco do imperialismo ao Iêmen. O governo da Arábia Saudita classificou o ataque como “terrorista”, uma afirmação cínica. Donald Trump, em um telefonema para o príncipe regente Mohamed Bin Salman, ofereceu mais apoio militar aos sauditas.
Crise da dominação imperialista
Essa situação reflete a crise da dominação do imperialismo no Oriente Médio como um todo. Em 2002, os EUA lançaram a guerra do Iraque para tentar restabelecer um controle absoluto sobre a região. No entanto, o resultado foi um fortalecimento do Irã e a desestabilização do Iraque e de outros países da região. O controle sobre a política local torna-se cada vez mais complexo, e isso está diretamente relacionado à crise de 2008, da qual o imperialismo não se recuperou até hoje. Esse episódio indica maiores dificuldades por vir para o imperialismo. Nem mesmo o pequeno Iêmen está sendo controlado, e sua instabilidade começa a resvalar para dentro da própria Arábia Saudita.