“Ninguém respeita quem adota uma posição de lacaio. Em vez de defender os interesses do país, defendem os interesses americanos. Assim, nenhum país pode ser respeitado”.
A declaração acima não foi dada por nenhum líder esquerdista, mas por um diplomata do Itamaraty criticando o apoio do governo brasileiro ao atentado dos EUA contra políticos e militares do Irã e do Iraque no último dia 4 e no compromisso assumido, também, pelo governo brasileiro em sediar um encontro dos países apoiadores do EUA em sua política contra o Irã.
O capachismo de Bolsonaro diante do governo Trump foi de tal envergadura, que mesmo políticos, diplomatas e militares abertamente alinhados aos EUA e apoiadores de primeira hora do golpe de Estado no Brasil ficaram “assombrados” com tamanha quebra na tradição da política externa brasileira. O Brasil sempre procurou abrir canais de negociação com todos os países. Bolsonaro quer modificar essa política e quer colocar o brasil como suporte da política norte americana.
Bolsonaro é um perigo pra o Brasil. Em apenas um ano de governo tentou jogar o País numa guerra contra a Venezuela. Guerra essa que levaria a morte milhares de brasileiros e que cumpriria um único papel de colocar o Brasil como “bucha de canhão” dos Estados Unidos. Em um outro momento, praticamente abriu as portas para uma intervenção estrangeira na questão da Amazônia e agora que envolver o País numa disputa do imperialismo norte-americano no seu projeto imperial de controlar o Oriente Médio.
Aqui não se trata simplesmente de desmoralizar o Brasil perante o mundo com uma subserviência atroz diante dos EUA e nem das consequências econômicas para um País com a economia já absolutamente em crise.
Bolsonaro no afã de ser o mais servil dos servos cria para o povo brasileiro uma situação muito perigosa. Transforma um País que nunca teve envolvimento com a política do imperialismo norte-americano com relação ao Oriente Médio em uma condição de alvo de atentados de grupos islâmicos.
No final das contas, Bolsonaro conseguiu aprofundar a enorme tensão que já existe no regime político brasileiro. A esquerda que luta contra o golpe não deve esperar para ver o Brasil entrar de cabeça em um conflito que não diz respeito ao povo brasileiro. A mais nova declaração de capachismo ao governo Trump é um grande perigo para o povo e deve ser tratada como tal.
Intensificar a mobilização e a luta pelo fora Bolsonaro é a única saída progressista para a esquerda. Desse ponto de vista, uma tarefa que está colocada para o próximo período é a de organizar uma campanha de mobilização contra a realização do encontro imperialismo norte-americano no Brasil com os seus lacaios espalhados pelo mundo.