Na cidade de Paranaguá (PR), a empresa Viação Rocio, que faz o transporte municipal, deixou de pagar o salário dos trabalhadores. Alegando incapacidade de arcar com os custos de operação, devido à redução na receita durante a pandemia, a empresa busca assaltar os cofres públicos, exigindo subsídios para a manutenção do serviço. Os trabalhadores em justa revolta deflagraram greve contra esse absurdo, e por suas condições mínimas de sobrevivência em 14 de janeiro, recebendo amplo apoio da sociedade. O Judiciário foi acionado, mas opera na velocidade em que normalmente o faz quando os lesados são os empresários, ou seja, não vai apresentar solução alguma. A “justiça” como sempre se coloca contrária à greve, determinando que os trabalhadores voltem ao trabalho.
Em meio a isso, a prefeitura de Marcelo Roque (Podemos), um bolsonarista, contratou transporte alternativo para fazer o trabalho cobrando a mesma tarifa operada pela empresa. Essa ação visa enfraquecer a greve dos trabalhadores da empresa, que já dura mais de 20 dias, enquanto negocia com a empresa sobre qual será o valor roubado do bolso da população para “ajudar” os empresários. Os trabalhadores em geral, roubados já no valor da tarifa, seriam então assaltados duplamente, com um valor a mais destinado a subsidiar o lucro da empresa.
O transporte, feito como monopólio na cidade, busca ser salvo da crise com o dinheiro da população. Mas a própria população não pode ser apoiada com seu próprio dinheiro. Em meio à pandemia, a prefeitura — sem ter feito nada de efetivo no combate à doença — busca salvar uma empresa monopolista e seus lucros ao invés do próprio contribuinte. Essa solução visa puramente atender à sanha dos capitalistas, que sugam o sangue do trabalhador diariamente e querem aumentar ainda mais seu parasitismo. Esse tipo de situação não se vê apenas em Paranaguá (PR), mas Brasil afora, prefeitos ligados a empresários que apenas aumentam a exploração do povo para garantir os privilégios dos patrões.
A solução para a situação é uma só: estatizar a empresa sob o controle dos trabalhadores, com a extinção da tarifa. A empresa só será administrada com o interesse público em mente se estiver controlada pelos próprios trabalhadores, que buscam prestar o melhor serviço à população, e não os empresários, que querem apenas maximizar seus lucros. Mais que isso, os trabalhadores do transporte devem ter assegurada sua posição como servidores municipais, para garantir suas condições de trabalho e pela estabilidade, autonomia em relação a prefeitos e empresários, para garantir o serviço para a população trabalhadora. Afinal, se locomover pela cidade — e não apenas por ela — é um direito e como tal deve ser tratado.