Atropelando os adversários, a extrema-direita revela até onde pode ir caso não sejam feitas suas vontades. Primeiro-ministro do Reino Unido e líder do Partido Conservador, Boris Johnson suspende o Parlamento por cinco semanas deixando a oposição a ver navios. A desesperada tentativa em aprovar o Brexit, por sua vez, evidencia a tendência à radicalização dos setores de extrema-direita.
Além de inúmeros recursos nos tribunais para anular a suspensão, o clima na Inglaterra tem se acirrado. Logo após a ofensiva de Johnson, a população sai as ruas contra o fechamento do Parlamento. Não só em Londres, mas, também, em Edimburgo cerca de 75 deputados e lordes recorreram ao magistrado dos Tribunais Supremos da Escócia, Raymond Doherty para que o mesmo paralisasse a medida devido as “profundas questões de natureza constitucional que suscita”.
Na manhã desta sexta-feira (30), entretanto, o juiz dos Supremos Tribunais da Escócia, Lord Doherty, rejeitara o pedido apresentado pelos deputados e senhores, dizendo: “Não estou convencido de que tenha sido possível demonstrar que é necessária uma medida preventiva urgente nesta fase do procedimento”.
Já em Belfast, Irlanda do Norte, o ativista Raymond McCord, interpôs um terceiro recurso na intenção de derrubar a medida de Johnson. Segundo os advogados do ativista, a manobra de Johnson, destinada a frear os esforços da oposição para evitar um Brexit sem acordo, põe em risco os benefícios do Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa (1998), suscitando, claramente, um agravamento acerca de uma futura fronteira entre as duas Irlandas.
Diante desta investida de Johnson, a corrente interna do Partido trabalhista, Momentum (“impulso”), assumida, doravante, por Jeremy Corbyn, convocou , em organização com os sindicatos, uma série de manifestações para o o próximo sábado (1) nas principais cidades do Reino Unido.
Segundo Laura Parker, coordenadora nacional do Momentum, em entrevista dada nesta quinta-feira: “nossa mensagem a Johnson é esta: se você roubar nossa democracia, fecharemos as suas ruas”.
As atividades não param por aí, na próxima terça-feira (3), quando o Parlamento deve retomar – temporariamente – suas atividades, haverá uma grande manifestação em Londres. Johnson, prometeu manter o Parlamento fechado por cinco semanas a partir de meados de setembro. “Há milhares de pessoas como nós que participarão desta ocupação do Parlamento e do bloqueio das ruas para impedir que Johnson feche as portas da nossa democracia”, complementou, Parker.
Só nas últimas horas, quase 1,5 milhão de pessoas assinaram uma petição que exige do Governo que revogue sua decisão de suspender as Câmaras. É nítido, portanto, a crescente polarização entre o regime imposto pela extrema-direita e a população do Reino Unido, o que revela o desdobramento de uma intensa batalha entre o governo e a população.