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Um debate necessário

Quem é covarde, o povo ou a esquerda brasileira?

Para Mino Carta e boa parte da esquerda burguesa e pequeno burguesa, a responsabilidade pela falta de um enfrentamento popular com a direita golpista seria do povo. Será?

Em artigo publicando no sítio da Carta Capital, intitulado “Lição equatoriana: o Brasil carece de um povo corajoso e consciente”, o jornalista e editor daquela publicação Mino Carta, depois de citar a campanha da própria imprensa golpista, do presidente, de governadores e de dirigentes golpistas em torno das possíveis candidaturas alternativas à reeleição de Bolsonaro, e à eleição de João Dória (PSDB), Wtzel (PSC), Luciano Huck (PSDB/DEM?), assinala que “o País acredita na normalidade, ou seja, já digeriu os cinco anos de história que consagram a fraude”, para  concluir que o povo brasileiro – “manso” como muitos afirmam – não teria demonstrado ao longo desse anos de golpe, disposição para reagir e enfrentar a direita golpista.

A “análise” de Mino Carta, supostamente se baseia em uma comparação com os acontecimentos recentes do Equador, onde se deu uma verdadeira rebelião

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Mino Carta, ao lado de Haddad, a quem apoiou nas eleições fraudulentas de 2018

popular contra o governo golpista de Lênin Moreno. Segundo o jornalista, “o Brasil aceita sem um pio, sem contar quem se regozija, incapaz de perceber a enésima afronta” e, portanto, teríamos acabado de receber ”
uma lição de destemor do povo equatoriano”, que – segundo ele – foi “capaz de obrigar o governo, por uma revolta que enche as ruas, a revogar medidas destinadas a elevar o custo da vida”.

Mino integra o grupo de “analistas” e dirigentes da esquerda que em diversas vezes criticaram posições tidas por eles como “radicais” nas mobilizações populares e no enfrentamento político com a direita. Por exemplo, quando os black blocs e outros manifestantes revidam a selvageria da polícia, como fizeram os manifestantes em Quito, esses críticos da suposta e inexistente passividade do povo brasileiro, afirmam que isso é vandalismo. Quando os sem terras e outros setores explorados se defendem das agressões e quando a esquerda revolucionária, como PCO,  defende o necessário armamento do povo para enfrentar e derrotar a burguesia e seu aparato repressivo, esses mesmos senhores falam de desarmar a população etc. Nos atos, é comum ver setores identificados com essa politica “pacifista” afirmarem que a PM, recordista mundial de matança da população desarmada (mais de 5 mil assassinatos por ano!), é “nossa aliada”, está ali para garantir nossa segurança” etc. Assim, Mino Carta nada mais faz do que repetir a velha cantilena da direita (na qual a esquerda burguesa faz a segunda voz) de que povo brasileiro é “pacífico”, “ordeiro”, “cordeiro”…. porque não segue a orientação da esquerda de se “revoltar” nas eleições e eleger os candidatos que esses setores da esquerda querem impor como representantes do povo.

Atuam para “pacificar”, conter a revolta popular, impedir que as massas atuem com seu próprios métodos e impor sua orientação de colaboração e entendimento com a burguesia, de respeito às instituições carcomidas do regime político e, quando o povo se revolta, querem “jogar água na fervura do povo”. Propõem que o povo acredite no inexistente regime democrático, desmobilizam o povo e pedem que suas organizações de luta apoiem a política dessa esquerda de negociação no congresso, de articulação com setores golpistas, de aliança com a direita  etc. e quando isso fracassa (sempre fracassa) e a direita triunfa, diante da covardia dessa esquerda, querem botar a  culpa no povo.

Mino não apresenta as causas dessa suposta combatividade superior do povo equatoriano, apenas assinala que “um quarto da população do Equador é indígena e é simples imaginar não terem sido insuflados por agitadores vermelhos”. Mas não afirma que aqui, os supostos “agitadores vermelhos” que ocupam o lugar de dirigentes dos partidos de esquerda e da maioria das organizações populares estão atrelados a uma política que se opõe pelo vértice a qualquer enfrentamento, a qualquer luta política real contra a direita, contra o regime golpista e o governo ilegítimo de Bolsonaro e Cia.

Mino Carta afirma que o povo brasileiro “ignora a sua cidadania”e “não passa de uma folha ao vento de outono”, ou seja, seria um “maria vai com as outras”, como se diz popularmente. Nessas condições nos levaria a crer que para melhorar a situação seria preciso trocar o povo, uma vez que, segundo ele, “falta ao Brasil uma população consciente”.  De passagem cita a esquerda, ao assinalar que “é disso que se aproveita a casa-grande, com a conivência de duvidosas figuras dadas a se dizer de esquerda”.

O editor da Carta Capital, parece esquecer que – tal qual no Equador – a política da maioria dessa esquerda, que ele apoiou em diversos momentos (como nas eleições fraudulentas de 2018) não foi a de denunciar e chamar a mobilizar contra os golpistas mas de buscar um terreno de “disputa” (no máximo) de acordo com as regras impostas pelos golpistas.

São muitos os exemplos claros dessa covardia e do abismo entre a orientação dessa esquerda e das tendências expressas, em inúmeras oportunidades por movimentos de luta dos trabalhadores.

Quando a direita resolveu enjaular Lula, impedir que sua liderança fosse usada para promover uma gigantesca mobilização, por exemplo, milhares de pessoas “inconscientes”gritavam em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC: “não se

entrega”, apoiavam a palavra-de-ordem do PCO, de “Não à prisão de Lula”. A orientação da esquerda “consciente” foi que seria melhor Lula se render, se entregar, que isso facilitaria a suposta e inútil luta nos tribunais pela sua liberdade. O resultado nós conhecemos: há quase 600 dias Lula segue preso e muitos da “esquerda consciente” desistiram de mobilizar pela sua liberdade, se manifestam claramente a favor de aliança com os defensores de sua prisão e quando muito, bradam “Lula livre” quando isso lhes interessam nas campanhas eleitorais e na disputa interna dos seus partidos.

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O covarde e abutre Ciro Gomes, que desejou “sucesso” a Bolsonaro como outros esquerdistas

Mino critica a falta de defesa da cidadania do povo, mas nada fala sobre o fato de que a esquerda (e ele mesmo) endossaram a fraude eleitoral de 2018, aceitando retirar da disputa o ex-presidente Lula, que a maioria do povo “inconsciente” queria eleger e venderam a ilusão de que sua candidatura seria dispensável e que seria possível derrotar a direita com uma candidatura que procurou assumir bandeiras e alianças com a própria direita golpista.

Nada fala também de que esses “esquerdistas conscientes”, instigaram o povo a aceitar a fraude – também depois dela  consumada –  e a se curvar diante do governo que veio para atacar a população e servir ao imperialismo, quando desejam “boa sorte” e “sucesso”, para o candidato fascista e presidente ilegítimo.

O “povo inconsciente” reage. Não podendo contar com suas direções, com a “esquerda consciente”, lança mão das suas festas populares e das suas mobilizações e no carnaval, nos estádios, nos shows e nos atos públicos grita “Fora Bolsonaro” e outras variações dessa mesma política combativa, como “ei Bolsonaro vtnc”. E a esquerda que chama o povo de “manso” e ordeiro o que faz? Condena o povo e a esquerda revolucionária que defende essa política e diz que o caminho é esperar pelas eleições de 2022.

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Eles só pensas em eleições, mas o povo e que seria covarde

Sobre isso, de passagem, Mino cita o que, corretamente chama de “alvoroço pré-eleitoral”, que serviria para mostrar que “o momento exibe a certeza de que tudo está dentro das regras, quando é do conhecimento até do mundo mineral que esta não é a paz anunciada pelos anjos da noite de Belém ao prometê-la aos homens de boa vontade. É a paz dos endinheirados e dos beócios. A situação econômica do País é muito grave e tende a piorar. Aí está um excelente motivo de preocupação para quantos já estão em campanha. Talvez possam figurar com honra na categoria dos beócios”.

Mas quem defende essa política, quem está em alvoroço “pré-eleitoral” – aqui como também no Equador – não é o povo atingido pelo desemprego, pelo rebaixamento dos salários, pelo roubo das aposentadorias, pela destruição da saúde, da Educação, pelas privatizações, pela devastação ambiental etc. etc. não é povo. Aqui, como no Equador, essa política covarde é assumidamente da esquerda burguesa e pequeno burguesa.

Assim, como fazem muitos “esquerdistas”, Mino Carta fala da passividade, que o povo brasileiro é covarde, para justificar a espera por 2022, a política covarde da esquerda.

Critica o povo, para não criticar a esquerda e para encobrir sua profunda covardia.

Uma covardia própria da classe social a que pertence e representa (embora pretenda falar em nome dos trabalhadores e do povo), a burguesia nacional e a pequena burguesia, historicamente incapazes de liderarem a luta contra o imperialismo, de levarem até as últimas consequências a luta contra a direita golpista, serviçal do imperialismo, para defender de forma consequente, pelos meios que forem necessários, os direitos democráticos da maioria da nação, do povo trabalhador, suas reivindicações fundamentais diante da crise histórica do capitalismo.

Aqui, no Equador, em toda a América Latina, e em todos os países atrasados essas e outras tarefa democráticas, já há muito, só podem ser resolvidas sob a liderança da classe operária (que nada tem de covarde), unificando e mobilizando os demais setores explorados, passando por cima da política de colaboração dessa esquerda “consciente” e covarde.

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