A Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, emitiu nota na quinta-feira (24/1) a respeito da intervenção imperialista na Venezuela.
Embora a nota apresente críticas ao governo Trump e seu capacho Jair Bolsonaro, por se unirem para derrubar o presidente democraticamente eleito Nicolás Maduro, ela também dá sinais de frouxidão na luta do partido contra esse golpe. A frouxidão parece ser resultado da pressão da ala direitista do PT, ainda forte e com diversas políticas de alinhamento ao regime golpista brasileiro.
Em linhas gerais, a nota do partido faz uma leitura correta da situação, alertando para o fato de que a intervenção é uma intromissão na soberania da Venezuela. Gleisi reconhece, ainda, que Maduro foi reeleito democraticamente, enquanto o Presidente da Assembleia Nacional, reconhecido por Bolsonaro como presidente, não obteve um voto sequer. Entretanto, a nota prefere falar em “soluções políticas” em vez de ser mais incisiva, apontando claramente que se trata de mais um golpe, orquestrado pelos EUA em conjunto com a extrema-direita latino-americana, assim como foi feito com sua própria companheira de partido, a Presidenta Dilma Rousseff.
Infelizmente, no essencial, a nota deixa de apontar os reais interesses norte-americanos em saquear completamente as riquezas dos seus vizinhos do Sul, principalmente as enormes jazidas de petróleo venezuelanas e brasileiras, dando a impressão de que a intervenção na Venezuela é fruto de uma “incapacidade de dialogar”. Como consequência, Gleisi convoca as forças de esquerda para “retomar o diálogo político”, uma falsa solução tão insuficiente quanto os discursos parlamentares que tentaram evitar o golpe no Brasil. É neste ponto que a verdade não foi dita e a postura precisa ser reformulada.
Não estamos diante de governos “desorientados”. Os EUA e demais nações imperialistas sabem muito bem o que querem: o controle das riquezas de suas colônias. Eles estão mobilizando tropas e milícias direitistas, e não diplomatas. Não é com discurso, mas com luta, que nós, sulamericanos, temos alguma chance de barrar a ofensiva imperialista. O Partido dos Trabalhadores, e toda organização que se diga popular ou de esquerda, precisam convocar imediatamente seus militantes para organizar defesa à altura do desafio, forçando o imperialismo a recuar.