A TAP Air Portugal, companhia aérea de Portugal e uma das principais companhias de voos entre Brasil e a Europa, além de possuir cerca de 10.000 funcionários e representar uma parcela importante da economia de Portugal, teve de recorrer a um resgate econômico durante a pandemia do coronavírus para evitar sua falência. O resgate econômico no valor de 1,2 bilhões de euros terá de ser pago em seis meses, caso contrário, a empresa terá de passar por uma reestruturação, com demissão de funcionários, diminuição das rotas e da frota de aeronaves.
A empresa aérea foi criada em 1945 e se tornou uma das principais empresas de Portugal, sendo responsável por uma parcela significativa da economia portuguesa. Durante o ano de 2015, a empresa que vinha sendo sucateada foi privatizada pelo governo da direita de Portugal do Partido Social Democrata (PSD) do governo de Pedro Passos Coelho, sendo que já no ano seguinte o governo da chamada “geringonça” tratou de tentar desfazer a privatização e recuperou uma porcentagem significativa da empresa aérea, ficando com 50% de suas ações, enquanto 5% ficou nas mãos dos trabalhadores da empresa e 45% nas mãos de seus compradores, a Atlantic Gateway.
No entanto, a empresa continuou em crise e viu essa crise, chegando a ter prejuízos no valor de 183 milhões de euros em um ano. Com a chegada da pandemia do coronavírus, que fez com que a empresa parasse 90% de sua frota, a crise aumentou, fazendo com que fosse necessário o pedido de auxílio financeiro à União Europeia para que a TAP não falisse.
Acontece que, com o empréstimo de 1,2 bilhões de euros da União Europeia à empresa e o pequeno prazo de 6 meses para que seja realizado o pagamento, é praticamente certo que a TAP não conseguirá arcar com os compromissos a tempo. Para piorar a situação, a o Brasil vive uma de suas piores crises sanitárias com o governo de Jair Bolsonaro, fazendo com que a Europa proíba a entrada de cidadãos brasileiros no continente até que a pandemia seja controlada no país, o que representa um forte golpe à TAP, já que a empresa é a líder no trafego entre Europa e Brasil.
Com a praticamente certeza de que a empresa não conseguirá honrar seus compromissos, foi imposta pela União Europeia que a TAP passe por um processo de reestruturação. Essa reestruturação significa a diminuição da atuação da TAP em várias linhas aéreas diferentes que causam prejuízo, além da diminuição da frota de aviões e, principalmente, a diminuição no número de trabalhadores, o que significará um grande baque aos trabalhadores portugueses.
Apesar de Portugal pertencer ao bloco dos países imperialistas, o desmonte da TAP e a diminuição de seus trabalhadores trata-se de um ataque à parte mais fraca do imperialismo por parte da parcela mais forte.
Não é de hoje que os trabalhadores portugueses pagam a conta pela crise dos capitalistas do país. Em um período recente da história de Portugal, uma das maiores empresas navais de todo o mundo, a Lisnave, foi simplesmente destruída para que Portugal pudesse entrar na União Europeia, logo após o fim da ditadura do Estado Novo e da falha da Revolução de 1974, que não chegou a expropriar a burguesia.
É preciso que os trabalhadores da empresa impeçam seu desmonte e cobrem do Estado que estatize 100% da empresa, sem ressarcir os capitalistas que detêm 45% de suas ações,