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Ataque aos trabalhadores!

Porto Seguro/BA: Empresários querem expor trabalhadores ao coronavírus

Em carta aberta, grupo de empresários pressionam a prefeitura pela reabertura do comércio e do turismo em Porto Seguro, mesmo que isso coloque a população em risco.

O cinismo e a falta de humanidade do empresariado brasileiro durante a crise sanitária que o mundo vem passando tem mais um episódio bizarro, agora em Porto Seguro (BA). Associações comerciais e a CDL do município publicaram carta aberta para pressionar a gestão municipal pela reabertura do comércio com um conteúdo que faz troça da cara da população.

Como sempre, mostram sem pudor o falso autruísmo natural à burguesia. Os empresários se dizem preocupados com a saúde, as “condições de bem estar geral” e da “dignidade humana” da população. Para isso, “solicitam” a reabertura do comércio na próxima segunda-feira (06). Sabe-se muito bem que burguesia não “solicita”, mas demanda tudo que lhe for favorável à obtenção de lucros. Isso fica bem claro quando “propõe” um “amplo debate” dos empresários com o Poder Público Municipal. Este “amplo debate”, como já é esperado, exclui a população, enquanto grupos políticos e a burguesia decidem como manterão os lucros, mesmo que, para isso, o povo seja posto em risco.

A carta diz que cada empresa deverá ser “responsável unitária sobre o bem estar e as condições de trabalho de suas equipes”. Qualquer trabalhador sabe que empresário “responsável pelo bem estar do trabalhador” é mais uma das lendas do folclore neo-liberal brasileiro e que essa política de reabertura do comércio e demais atividades não-essenciais exporá, ainda mais, os trabalhadores à doença. Em um momento em que países e governos, exceto o brasileiro, implementam políticas de quarentena (alguns melhores do que os outros) e testes à população, o empresariado nacional dá mostras, mais uma vez, de que está pouco se importando com a classe trabalhadora e que usará de todos os artifícios possíveis para conseguir o que deseja.

O grupo de empresários tem a coragem de pedir abertura – segundo eles, mínima – do turismo na região. Em um cenário de doença, desemprego, cortes de salário e retração econômica, é claro que o turismo nesta época será apenas voltado à burguesia, e que os custos sociais desta irresponsabilidade cairão obviamente sobre a população.

Dentre os argumentos estapafúrdios utilizados, colocam o aumento da criminalidade e violência no município como resultado do fechamento do comércio. Isso é, obviamente, uma mistura de fantasia com má-fé. Roubos, furtos, arrombamentos e violência, especialmente neste período, são fruto da falta de condições de sobrevivência e o desespero da população perante a crise do Coronavírus e não simplesmente porque o comécio está fechado como argumentam os empresários

A saída para crise está na proibição das demissões e cortes de salários, salários para os trabalhadores informais e desempregados, além de EPIs para os trabalhadores dos serviços essenciais. Essas reinvindicações somente serão atendidas através da mobilização dos sindicatos e trabalhadores, além da formação de comitês populares para pressionar o poder público a, principalmente, não aceitar “propostas” como essa apresentada pelos empresários de Porto Seguro.

Leia a carta na íntegra:

Porto Seguro, 30 de março de 2020

O Movimento dos Empresários do Turismo e Comércio de Porto Seguro, com o apoio da CDL, da Associação Comercial, da ABIH e da UNI (União de Líderes Empresariais), esclarece, perante a Opinião Pública e à prefeitura do município, as reivindicações e preocupações relativas às condições de bem estar geral de nossa população para preservação da dignidade social, neste momento tão crucial sem precedentes. A preocupação não objetiva somente as ações referentes a saúde, e sim, a apreensão e insegurança em relação aos empregos, à estabilidade das empresas, à subsistência e segurança das famílias e a manutenção da dignidade humana.

Compreende-se a importância do combate ao coronavírus COVID19 como sendo extremamente necessário, diante da situação peculiar que prejudica a saúde pública e social. Entende-se, de forma coletiva, que o decreto de fechamento dos comércios e proibição de atividades turísticas, da maneira que foi editada, já está gerando transtornos e prejuízos sociais incalculáveis, tais como: desemprego, falência das empresas de diversos setores, falta de assistência bancária à população, salários sem condições de serem quitados e demais prejuízos que incentivam o desvio dos padrões de dignidade humana, a exemplo do aumento do número de roubos, arrombamentos, assaltos, violência doméstica entre outros.

O principal pleito é fomentar gradativamente a reabertura do comércio local, em conformidade com a gestão municipal, reiniciando o giro econômico do município e reduzindo os impactos citados. Cada empresa passa a ser responsável unitária sobre o bem estar e as condições de trabalho das suas equipes, inclusive com penalidades em caso de aglomerações. Em seguida, limitar a uma programação mínima para que o turismo volte a atuar, apresentando projetos de incentivo e captação de clientes, atraindo-os para que direcionem o olhar ao nosso destino. Os hotéis e estabelecimentos foram obrigados a fecharem às portas devido a restrição de acesso às praias, proibição de abertura de bares e restaurantes, impedimento de realização dos roteiros turísticos, inviabilizando qualquer ação comercial de recuperação turística no momento. A gestão municipal, amparada pelo governo Estadual e Federal, deverá elaborar um plano de ação focada em combater o real caos já fixado em Porto Seguro.

Todos os setores da sociedade se unem, em esforços, para compartilhar experiências em busca das melhores soluções que minimizem os efeitos desta crise. Portanto, propõe-se ao Poder Público Municipal, em caráter emergencial, a promoção de um amplo debate junto aos empresários, direcionando alternativas eficazes, dentro das normas estabelecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e Ministério da Saúde, que possibilite o retorno gradual do comércio e turismo da região.

Certos de que o Poder Público é consciente, sensível e solidário a tais ameaças que assolam toda a população, com o objetivo de reduzir os impactos negativos na economia da região, diante da quarentena e obrigatoriedade de fechamento dos estabelecimentos, deste meio, solicitamos uma reunião para organização planejada da reabertura do comércio na data do dia 06 de abril de 2020, alinhado com a gestão pública municipal.”

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