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Balanço das eleições

Porto Alegre: burguesia coloca o PT de lado e derrota a esquerda

Na capital gaúcha, a burguesia conseguiu exatamente o que queria: anular o PT para deixar a esquerda enfraquecida, a reboque da direita golpista

No último domingo (29), a apuração das eleições em Porto Alegre (RS) apontou Sebastião Melo (MDB) com 54,63%, o equivalente a 370.550 votos, derrotando Manuela d’Ávila (PCdoB), que teve 45,37%, cerca de 307.745 votos. Previsível, a vitória da direita golpista e a derrota da esquerda gaúcha corroboram o quadro nacional e mostram como a política da frente ampla – adotada pelo PCdoB e pela ala direita do PT – contribuíram com o objetivo da burguesia de isolar o próprio Partido dos Trabalhadores e levá-lo à derrota.

Para entender o sentido da eleição de Porto Alegre, é preciso considerar a configuração do PT no Rio Grande do Sul. A direção do Partido no estado é uma das mais direitistas do País. Seu principal líder, o ex-governador Tarso Genro (pai da psolista Luciana Genro), foi o ministro da defesa que durante os governos federais do PT fortaleceu a Polícia Federal, que seria peça chave na derrubada da própria presidenta Dilma Rousseff. Mais, o ex-ministro foi dos mais ativos defensores da Lava Jato e da autocrítica dentro do PT.

Essa direção do PT, consequentemente, é partidária de ideias como “aposentar” Lula em detrimento de quadros jovens da esquerda, alçados pela burguesia, como o caso de Manuela d’Ávila. Justamente para impulsionar uma “nova esquerda jovem”, a “ esquerda Felipe Neto”, que apoia a Lava Jato, o golpe de Estado, a frente ampla com setores da direita.

Durante o 1º turno, a esquerda fez uma verdadeira campanha da vitória, como se Porto Alegre fosse eleger Manuela d’Ávila sua primeira prefeita, ignorando todas as articulações da direita e a fraude eleitoral iminente.

Assim, a candidata do PCdoB, que liderou as pesquisas de intenção de voto, sendo cotada para vencer o 1º turno, acabou tendo 29% dos votos, contra 31% do candidato golpista do MDB, Sebastião Melo.

No entanto, a todo o momento PCdoB e PT comemoraram os resultados das pesquisas eleitorais como sendo uma vitória, induzindo os trabalhadores a caírem na armadilha da burguesia, que preparava a vitória de um candidato da direita. Na última pesquisa do Ibope antes do 1º turno, a candidata do PCdoB aparecia com 27% das intenções de voto, liderando isoladamente. Mas, sem considerar os dados concretos da disputa, setores da esquerda que compuseram a coligação deram como certa a eleição de Manuela D’ávila.

A euforia eleitoral era tanta, que as informações das próprias pesquisas que a esquerda usara como base para contar vitória, foram esquecidas. Isto porque, mesmo com a vantagem que a candidatura do PCdoB tinha, dava-se pelo fato de candidaturas da direita estarem divididas. Com a renúncia da candidatura de Fortunatti, do PTB, a burguesia deu ainda mais votos para o MDB e garantiu que o PCdoB não vencesse o 1º turno, o que poderia dar um impulso à candidatura da esquerda, o que já era parte da fraude.

De qualquer forma, mesmo que vencesse o 1º turno, ao chegar no 2º, a esquerda encontraria uma direita unificada em uma mesma candidatura, o que de fato ocorreu.

Isto estava claro! Era do conhecimento da candidatura do PCdoB. Porém, ao invés de partir para o ataque com tudo diante do candidato do MDB, a esquerda fez uma campanha morna, sem atacar as ligações do adversário com o golpe de Estado e com o próprio Bolsonaro.

Manuela d’Ávila fez uma campanha muito semelhante à de Guilherme Boulos, que tratou seu adversário (Bruno Covas), como “ponderado”. Jogou fora todas as oportunidades que teve – e teve muitas – de polarizar a disputa ao denunciar a direita golpista porto-alegrense.

Ora, por quê? Simplesmente porque Manuela e o PCdoB adotam, há tempos, uma política de aliança com esses mesmos setores. O PCdoB fez coligações com o MDB, DEM, PSDB, PSL e toda a corja da direita nacional nestas eleições. Também sempre apoiou Rodrigo Maia (DEM) na Câmara dos Deputados. O PCdoB é o partido da frente ampla dentro da esquerda, o principal articulador da entrega da esquerda à direita (embora o PSOL esteja quase tomando seu lugar).

O PCdoB defende, oficialmente, a união de todos os setores que seriam, supostamente, minimamente contrários a Bolsonaro. Daí porque sua candidata não atacou em nenhum momento, de maneira dura, seu adversário do MDB e da aliança direitista no segundo turno. Após as eleições, vai continuar e aprofundar os acordos com essa mesma direita, isto é, a política da frente ampla.

Um modelo para o Brasil

Outro ponto fundamental é que o candidato a vice de Manuela era o ex-prefeito Miguel Rossetto (PT). Essa foi uma manobra chave articulada pela frente ampla para garantir a vitória da direita. Mas também com a participação consciente do próprio PT de Porto Alegre, comandado por burocratas da casta de Tarso Genro, com fortes ligações com a burguesia.

A ala direita do PT aliou-se à burguesia e forçou o partido a ficar a reboque de uma candidatura muito menos popular que a sua. Assim, conteve qualquer possibilidade real de a esquerda obter uma vitória eleitoral na cidade. O PT gaúcho e o PCdoB articularam uma aliança em torno da candidatura de Manuela como uma espécie de “autoboicote”. Isto é, adotaram conscientemente uma política suicida. Logicamente, baseada em importantes motivos.

Impedir o desenvolvimento da esquerda para um enfrentamento com a direita golpista, desenvolvimento que passa pela mobilização popular, mesmo que no terreno eleitoral, que só pode ser alcançada com a mobilização do maior partido da esquerda nacional, justamente o PT.

Logo, as eleições em Porto Alegre foram um protótipo da burguesia e da frente ampla para o que pretendem executar em escala nacional no próximo período: colocar o PT para escanteio, acabando com seu “hegemonismo”. O objetivo é anular todo o movimento da esquerda a fim de colocá-la a reboque da direita “democrática” em uma frente ampla que garanta a manutenção do regime golpista.

Ou seja, o que aconteceu em Porto Alegre foi um golpe dos dirigentes do PT dado contra o próprio PT. Foi assim que a direção gaúcha do PT, dessa ala direita, anulou o próprio Partido.

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