Dia 7 de setembro, feriado de independência do Brasil, é ocasião do tradicional protesto do Grito dos Excluídos, que acontece desde 1995 e esse ano ocorrerá pela 25ª vez. Um protesto que sempre serviu de contraponto às comemorações oficiais da independência do país. Esse ano o Grito dos Excluídos será realizado em um momento de polarização intensa no Brasil, marcado por uma forte tendência de mobilização contra o governo golpista do ilegítimo Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que a direita golpista utilizará a data para fazer demagogia e apresentar-se como “patriótica”, apesar de seu programa profundamente entreguista e alinhado aos EUA.
Portanto, é o momento de aproveitar para fazer mais um grande protesto contra Bolsonaro, continuando os atos de maio, junho e agosto. É preciso aproveitar a impopularidade do governo, a crise da direita golpista e a tendência à mobilização para fazer um protesto inequivocamente contrário a Bolsonaro. Em todo protesto que se realiza hoje no Brasil surge espontaneamente a palavra de ordem: Fora Bolsonaro!
De um lado, a direita continuará com sua demagogia de sempre, apropriando-se das cores dos símbolos nacionais para vender o país. No último final de semana, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, foi à Casa Branca propor a Donald Trump “trabalhar conjuntamente para desenvolver de forma sustentável a Amazônia”. De outro lado, a esquerda deve fazer um protesto que apresente uma oposição a tudo isso. E deve manifestar essa oposição claramente. Enquanto a direita faz seu “ato cívico” verde e amarelo, a esquerda deve sair às ruas com sua cor tradicional: o vermelho.
Recentemente, em suas páginas nas redes sociais, o Psol fez um chamado ao 7 de setembro em suas páginas nas redes sociais usando as seguintes palavras: “Dia 7 de setembro as ruas do Brasil vão ser tomadas em defesa da educação novamente! Pra quem reclamava que não tinha protesto contra o governo de sábado e com verde e amarelo…” Ou seja, o Psol quer se adaptar à pressão da direita e competir eleitoralmente com a direita tentando fazer as mesmas coisas que a direita.
O problema dessa política é que ela só serve para confundir a esquerda e para fortalecer a própria direita. Os protestos contra o governo devem ser inequivocamente de esquerda e aparecer claramente como tais, sob risco de sofrerem com manobras da burguesia como aconteceu em junho de 2013. A cor vermelha dificulta esse tipo de manobra. Além disso, sair com as cores da direita para competir com a direita eleitoralmente só serve para fazer campanha para a própria direita. Entre a direita, que usa verde e amarelo, e uma esquerda que usa verde e amarelo para imitar a direita, a direita fica na vantagem.
Essa confusão e a competição com a direita em um terreno que pertence à direita precisam ser evitados. O momento é propício para a mobilização e precisa ser aproveitado. O tradicional Grito dos Excluídos dessa vez tem potencial para ser um gigantesco ato contra o governo Bolsonaro, com uma forte tendência para que se veja de novo, em todo o país, o povo nas ruas exigindo o fim do governo imediatamente.