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Um problema de classe

Por que o povo diz “fora Bolsonaro” mas a esquerda não quer derrubá-lo

A esquerda pequeno burguesa coloca seus interesses pessoais e de grupos, muito acima dos interesses da classe operária e dos demais explorados

Matéria intitulada “Bolsonaro é reprovado nas pesquisas e nas janelas”, publicada no sitio Vermelho, ligado ao PCdoB, resume, de certa forma, a posição da esquerda burguesa e pequeno burguesa diante da crise em curso, ao supostamente analisar dados da pesquisa Datafolha “que mostram reprovação de [ presidente] Jair Bolsonaro no combate à pandemia do coronavírus, a Covid-19” e defender a idéia de que “os gritos de ‘basta’ e ‘fora’ que se multiplicam das janelas das casas em todo o país, são derivados da irresponsabilidade e incompetência do presidente”.

“O pior cego…”

Mesmo antes do estouro das crises na saúde na economia, foram abundantes os sinais do crescimento da revolta popular contra o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e seus ataques contra o povo.

As direções do movimento sindical e estudantil, por exemplo, tiveram enorme dificuldades para impedir que a palavra-de-ordem de “Fora Bolsonaro”, juntamente com de “Lula livre”, dominassem as grandes manifestações realizadas no primeiro semestre do ano passado. Acabaram com os protestos, levaram a “luta” para o terreno do Congresso Nacional dominado pela direita e o resultado todos nós conhecemos: mesmo amplamente rejeitado, o governo Bolsonaro com apoio de toda a burguesia golpista (inclusive de suas alas “progressistas”) e de setores da “esquerda”, conseguiu aprovar o maior rouba historia do classe trabalhadora brasileira, a “reforma” da Previdência, para expropriar (“economizar”, dizem eles) mais de R$ 1 trilhão de dezenas de milhões de brasileiros e condenar dezenas de milhões de trabalhadores a trabalharem mais aluna anos, não se aposentarem ou a perderem parte suas aposentadorias.

O desemprego e o subemprego bateu recordes. Milhões foram lançados na fome e na miséria e cortados do Bolsa família. O país retrocedeu em todas as áreas. A economia empacou, com o “pibinho”, de 1,1%; a indústria andou de “marcha-ré”etc. O governo de Bolsonaro e o regime golpista se mostrou cada vez mais claramente como uma ameaça contra todo o povo brasileiro, inclusive para setores mais débeis da burguesia, mas a esquerda não se comoveu, não arredou pé, da idéia de que não se poderia levantar a derrubada do governo, e que a “saída” era buscar uma aproximação com os setores golpistas

Vieram as primeiras greves de 2020, como a dos petroleiros, com enfrentamento com o governo o carnaval de 2020. Milhões gritaram nas ruas “Fora Bolsonaro!”. Mais uma vez a esquerda, e mais particularmente o PCdoB,  “não viu” nada. Ou melhor, viu os seus próprios interesses e seguiu firme na oposição ao “Fora Bolsonaro” e na defesa da “frente ampla”, ou seja, continuou rejeitando a política de mobilizar para colocar abaixo o governo que estava destruindo o País e semeando repressão, miséria e desemprego entre o povo e manteve a política de frente com os FHC, Rodrigo Mais, Kassab, Ciro Gomes e seus partidos golpistas, entre outros; visando as eleições municipais que se aproximavam e as eleições de 2022. Sim porque para eles, era (e continua sendo) preciso esperar por 2022 para tentar tirar Bolsonaro e substituí-lo por um candidato aceitável pela burguesia golpista, da esquerda ou da direita “progressista”.

A crise coloca o País à beira da convulsão, mas a esquerda permanece paralisada 

Agora, Bolsonaro e os governos de direita (e toda a burguesia) estão conduzindo o País para a consumação de um genocídio, que foi preparado ao longo dos últimos anos, não apenas por meio do golpe de Estado, mas com um conjunto de medidas, nos últimos anos, que – por exemplo – destruíram a saúde pública e toda a infraestrutura pública necessária para que o País tivesse condições de enfrentar a pandemia, fruto direto da crise histórica do capitalismo e que a alimenta em todo o mundo.

Indo mais além, Bolsonaro, seus aliados e “opositores” (os golpistas “progressistas”) mostram-se – como toda a burguesia mundial – enormemente empenhados em tirar proveito da situação de pandemia para garantir recursos bilionários para os banqueiros. Pacotes de “socorro” aos bancos, com mais de R$ 1,2 trilhão, enquanto anuncia que vai dispor de R$ 3 bilhões para o Bolsa-família; projetos para permitir redução de salários e demitir milhões de trabalhadores; com o claro apoio dos aliados da esquerda, como o de Rodrigo Maia que acaba de anunciar proposta de corte de até 20% no salários de servidores durante crise do coronavírus.

Mas tudo isso para o PCdoB e para esquerda não se trata d uma política da burguesia, do imperialismo, mas apenas “derivados da irresponsabilidade e incompetência do presidente”.

Os “comunistas” aliados de Maia e FHC até enxergam o óbvio, que “o governo não vacila em jogar nas costas da classe trabalhadora o ônus da crise”. Mas suas alternativas diante da crise, não vão além de “receitas” expedidas pelos “doutores”da burguesia como as repetidas na nota do Vermelho: “o estímulo ao consumo é um dos caminhos para manter a dinâmica de funcionamento da economia, em especial as pequenas e médias empresas”; “elas precisam de crédito público e aporte financeiro para custear a folha de pagamento e assim alimentar o ciclo consumo-produção”; “a situação exige que o Estado seja o maior responsável pelo impulso que o Brasil precisa para superar um dos piores momentos de sua história”.

Em uma situação que tende à uma revolta popular, o PCdoB enxerga apenas, agora, uma “crescente impopularidade de Bolsonaro” e, sem abandonar nem um milímetro sua política com setores golpistas da burguesia, defende “os governadores se mobilizam em busca de soluções para atender as necessidades da população e evitar consequências ainda maiores da pandemia”. Isso quando a maioria dos governadores, reacionários e até fascistas, adotam ipsis litteris, a política reacionária de Bolsonaro e da burguesia mundial de salvar os capitalistas e deixar que milhões morram.

Sem uma política alternativa, apenas à reboque da burguesia e da direita

No momento em que os trabalhadores se vêm confrontados com uma verdadeira guerra, em que a burguesia preparou as condições para um gigantesco genocídio e leva adiante a política de salvação dos bancos e grandes monopólios às custas da morte e miséria do povo, o PCdoB, proclama: sigam “junto com os governadores, é importante a mobilização de prefeitos, dos demais Poderes, dos partidos políticos….”

Nada de lutas de classes. Nada de lutar pelo “Fora Bolsonaro”, nada de desmascarar e derrubar os governos reacionários de Dória, Witzel, Zema, Ratinho Jr etc. etc. a saída é a “união” – também pregada pela direita – dos escravos com os escravocratas, dos milhões na fila do Bolsa-família com os banqueiros, da burguesia com o proletariado. 

São importantes, também, iniciativas como o “Programa Emergencial” apresentado pelas centrais sindicais. Dentre outras medidas, elas cobram incentivo a “acordos coletivos que preservem os salários e os empregos durante a pandemia” e como não poderia deixar de ser, para um esquerda parlamentar e devota da inexistente democracia brasileira, a defesa da “necessidade de uma ampla e permanente articulação no âmbito do Congresso Nacional”.

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