Para o dia 29 de setembro, foram convocados atos ‘contra Bolsonaro’ em diversos lugares como consequência de uma campanha denominada #EleNão, supostamente organizada por um movimento denominado Mulheres Unidas contra Bolsonaro, por sua vez com origem em um grupo no Facebook de mesmo nome e que recebeu bastante destaque da imprensa golpista.
O movimento, embora não pareça unificado, iniciou como apartidário e posteriormente como pluripartidário, ou pelo menos assim denominado por alguns de seus membros. A campanha bancada pelo movimento, com a hashtag #EleNão, recebeu grande adesão de pessoas de diversos matizes, inclusive de alguns dos porta-vozes da direita, como o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e a jornalista Raquel Sheherazade. Até a liberal The Economist replicou a campanha, além de diversas personalidades do meio artístico internacional que assumiram posição ativa nela.
No entanto, é bom deixar claro que essa campanha anti-Bolsonaro apresenta-se basicamente como uma campanha “antiextremismo”, ou seja, não aponta apenas para Bolsonaro mas para uma suposta polarização na sociedade que clamaria por um retorno ao “centro”. Não se deve deixar enganar, o outro extremo, que também deve ser combatido, é aquele representado pelo PT. Vejam que as vozes mais ativas no nascimento do movimento aproximam-se mais do PSOL de Boulos e do PDT de Ciro Gomes, embora o PSDB de Alckmin já esteja tirando sua casquinha. É muito fácil ser contra Bolsonaro que, repetimos, é uma invenção dos golpistas, inflado pela imprensa, para ser o monstro a ser derrotado, na esperança que tinham de o PT chegar às eleições sem capacidade real de concorrer, derrotado que estaria.
O fato mesmo de hoje a imprensa estar embarcando na campanha, de forma dissimulada, é indicação de que há algo de perigoso que deve ser devidamente observado e combatido. O Partido da Causa Operária não participará dos atos contra Bolsonaro porque vê neles essa tentativa de promover “qualquer um” que não seja o fascista do PSL, mas especificamente, Alckmin. Acontece que está claro que o eleitor do Bolsonaro, a maior parte de seu eleitorado, jamais votaria no PT, no Haddad.
Ora, se o ato visa esvaziar o campo de apoio ao representante da extrema direita e os que estão nesse campo não votariam na ‘extrema esquerda’, que é como a imprensa e os adversários do PT o caracterizam, então a chamada será para votar em quem? É um convite a anular voto? O que Ciro ganharia com isso? provavelmente nada ou muito pouco, tampouco Boulos, então quem seria o maior interessado? Alckmin é, sem dúvida, aquele que provavelmente herdaria mais votos de Bolsonaro, ou quem vai, de fato, lucrar com a campanha #EleNão.