Nesta semana, o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) concedeu uma entrevista para o portal de notícias Poder 360°. Na entrevista o governador disse que pretende apoiar um candidato do PSDB para sua sucessão no Maranhão.
Ao ser questionado sobre a reaproximação do PSDB do Maranhão ao seu partido, PCdoB, haveria chances de apoio a um candidato do PSDB para 2022 ele respondeu: “Tem uma alta chance que eu apoie o Brandão ao governo”, “Sem dúvida o Brandão é um ótimo nome e o fato de ele estar no PSDB fortalece o pleito dele. Eles me apoiaram em 2014, tenho um reconhecimento”, disse na entrevista.
Flávio Brandão é o atual presidente do PSDB no estado e um dos principais apoiadores de Flávio Dino, sendo seu vice desde sua primeira gestão. Foi deputado federal e um dos principais integrantes do PSDB maranhense, sendo eleito presidente da sigla em 2011, cargo que ficou até 2017 quando saiu do PSDB e se filou ao PRB, e em março de 2021 voltou as fileiras tucanas.
O que é um governo do PSDB
O Maranhão é um dos estados mais pobres do país e possuem características econômicas que dependem muito do setor estatal. Por ser um estado atrasado economicamente, com pouco desenvolvimento do setor industrial, os empregos se concentram em empregos precários na área rural e no setor público. Dados econômicos de 2019 apresentados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do governo federal, apontam que aproximadamente 40% dos trabalhadores registrados no estado estão na administração pública.
Dados do IBGE mostram que o Maranhão tem os piores indicadores de miséria do Brasil, sendo 20% da sua população vivendo com menos de R$ 145 por mês. Com esses números, é um estado que depende muito dos investimentos em políticas sociais do estado, seja do governo federal ou estadual, com acesso a programas como o Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, além de outros programas sociais.
Observando essa situação no estado, uma das primeiras coisas que devemos levar em consideração é o que são os governos do PSDB. O PSDB é conhecido por ser um governo neoliberal, ou seja, de cortes em todo o setor público. Desde investimentos do estado, programas sociais, privatizações e demissões.
Em qualquer administração tucana há um desastre e em estados e municípios pobres, o impacto desses governos são ainda maiores. Ou seja, a subida de um governo do PSDB no Maranhão tende a ser ainda mais criminosa.
Frente ampla para derrubar quem?
Flávio Dino foi amplamente parabenizado, incluindo a esquerda pequeno burguesa, por ter derrotado décadas de dominação da oligarquia Sarney no estado. Antes de entrar nessa discussão é importante avaliar o que representam os diferentes setores políticos do Maranhão.
Os caciques locais, como o MDB controlado pela família Sarney, estão ligados a setores do que há de mais atrasado no país, como o latifúndio e de recursos do estado para manterem seu ‘eleitorado’ local. Possuem uma política de clientelismo com a população local.
Já o PSDB possui uma característica a confiança de setores principais da burguesia nacional e muito próxima da burguesia imperialista. Está ligada a ao capital financeiro e seus governos tendem a representar as empresas do imperialismo, não sendo por acaso que sua política possui características de liquidação da economia nacional e, em particular de qualquer política social, mesmo que emergencial como o Bolsa Família.
Não está sendo discutido aqui qual é melhor ou pior para a população, mas entender as características da política que está sendo colocada em prática. A situação política do Maranhão é um bom exemplo da política da frente ampla e da desorientação política da esquerda pequeno burguesa.
A ‘grande’ vitória de Flávio Dino no Maranhão em derrotar a oligarquia local da família Sarney está levando a um ascenso de uma direita mais ligada ao imperialismo e que vai colocar uma política de cortes no orçamento, arrocho salarial e demissões numa escala nunca vista no estado. E que vai trazer mais pobreza e miséria para a população, e colocando todos os avanços do governo Flávio Dino em 8 anos, como políticas sociais e na educação, e acabar com elas em poucos meses.
Derrotar a direita para colocar uma direita ainda pior
Assim como no Maranhão e que está sendo proposto na política nacional, a frente ampla está servindo para colocar um setor da burguesia ainda mais golpista e neoliberal no governo.
No âmbito nacional, o PSDB seria ainda pior que o governo de Jair Bolsonaro. E um excelente exemplo vem de uma ironia colocada pelo PSDB em suas redes sociais. Na página oficial do PSDB no Facebook afirmava que “Discurso bonito não vende estatal. Trabalho e coragem para enfrentar o corporativismo e implantar melhores técnicas de gestão, sim. O governo deveria se espelhar em quem privatizou 63 empresas, em vez de falar, falar e não privatizar coisa alguma.” Isso em uma imagem que colocava FHC de um lado com 63 privatizações e Bolsonaro com zero privatizações de outro, revelando que um governo tucano foi e seria ainda pior que o atual governo Bolsonaro.
A conclusão é que de qualquer forma, a política da frente ampla com a direita golpista sempre leva a derrota certa dos trabalhadores e ao fortalecimento da direita.