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Colonização no futebol

Por que alguns brasileiros torcem para times estrangeiros?

Pesquisa apresenta equipes de gringos pernas de pau como fenômeno de público no Brasil

Em matéria de jornalista esportivo, Rodrigo Bueno, repórter das emissoras ESPN Brasil e FOX Sports, apresentou uma pesquisa, sem maiores fundamentações científicas (o que o próprio jornalista coloca), para supostamente verificar o tamanho das torcidas de times estrangeiros no Brasil. A pesquisa realizada através de redes sociais como linkedin, twitter e outros, chama a atenção ao se mostrar uma pesquisa que atinge prioritariamente maiores estratos da classe média, já que milhões de brasileiros não têm maior acesso aos meios eletrônicos e de internet, fenômeno disso, pode ser observada no último ano, que em meio a pandemia, impossibilitou que milhões de estudantes pelo país pudessem acompanhar aulas remotas de escolas públicas, por não terem meios disponíveis de internet.

A partir deste recorte do público possivelmente atingido em sua pesquisa, o resultado segue a linha do que vem sendo há anos construído no Brasil, a ótica do chamado futebol moderno. E de onde basicamente vem a campanha pelo futebol moderno? Da Europa e do país que mais se aprofundou na destruição popular do futebol, a Inglaterra.

Antes de entrar na pesquisa do jornalista, vamos recordar alguns (apenas alguns) fatos do avanço que levaram ao futebol moderno, sonho de consumo histórico dos capitalistas nacionais.

Os capitalistas do esporte, assim como o imperialismo em geral, sempre se aproveitaram, ou até mesmo criaram, os meios para aprofundar a sua dominação. E a história do esporte não foge a isso. Um dos exemplos desta política foi a tragédia do estádio de Hillsborough, na Inglaterra, em abril de 1989, quando 96 torcedores do Liverpool morreram pisoteados e/ou esmagados contra o alambrado. O desastre, foi atribuído, assim como ocorre no Brasil há anos, às torcidas organizadas, mais propriamente aos hooligans, ou ao hooliganismo, torcida organizada e muito desenvolvida na Inglaterra. A partir da tragédia apresentaram o chamado relatório Taylor, que tratou de “humanizar” o hábito de ir aos jogos, recomendando, entre outras coisas, uma série de alterações nas condições estruturais dos estádios britânicos, como

a retirada dos alambrados e a colocação de assentos em todos os lugares. Essas alterações

estruturais diminuíram a capacidade dos estádios, tornando os assentos recursos mais escassos, o que, em consequência, elevou o valor dos ingressos e intensificou o processo de

aburguesamento do espetáculo futebolístico, assim também no Brasil, desde o início do ataque as gerais, locais dentro dos estádios onde o trabalhador de baixa renda podia acompanhar ao seu clube do coração.

No Brasil, uma série de trágicos episódios ganhou ampla repercussão. Em meados da década de 1990, ocorreu a chamada “batalha campal” do Pacaembu. Na ocasião,

após o encerramento da partida final válida pela Supercopa São Paulo de Juniores, em uma manhã de domingo no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, torcedores organizados ligados ao Palmeiras e ao São Paulo invadiram o campo de jogo. O estádio destinado para a final estava em obras, o que deu munição ao enfrentamento, com paus, pedras e outros artefatos, resultando na morte de um torcedor e em uma centena de feridos.

Com este fato, entrou em ação no futebol, de maneira mais decisiva, o Ministério Público estadual que chegou a decretar a extinção dos principais grupos envolvidos.

Ao atacar os torcedores de verdade e as torcidas organizadas a imprensa monopolista está fazendo, na verdade, um serviço sujo para os capitalistas internacionais, que querem ampliar a dominação do futebol brasileiro e dos cartolas e capitalistas locais e internacionais, parceiros dos primeiros, que querem manter os torcedores, principalmente os mais organizados, longe do dia a dia dos clubes, impedi-los de influenciar nas decisões dos clubes e na administração do futebol em geral, dominado pelas quadrilhas dos conhecidos cartolas.

No Brasil e no Reino Unido, esses episódios violentos e fatais, repercutidos pelos meios de comunicação de massa, foram utilizados para legitimar a ampliação dos dispositivos de vigilância e para alterar a configuração social dos estádios. Antigos setores populares, como as gerais foram eliminadas e as arquibancadas foram divididos em subsetores, com hierarquia de preços, sob a justificativa de que eram inseguros e desconfortáveis, como a “geral” do Maracanã.

Essas modificações infraestruturais, longe de ser apenas um dispositivo exclusivo da engenharia ou da arquitetura, foram a aplicação da política imperialista no esporte mais popular do mundo. No Brasil o fenômeno da arenização dos estádios ocorreu já em 1990 com a Arena da Baixada, pertencente ao Clube Atlético Paranaense, que teve seu antigo estádio, o Joaquim Américo, um dos primeiros a se alinhar ao modelo de arenas multiuso que emergiam na Europa.

Nos tempos atuais, esta política avança e tem em pesquisas como a de rodrigo Bueno, uma excelente propaganda para os negócios capitalistas.

Voltando a pesquisa de Rodrigo Bueno, o país com maior número de torcedores no Brasil é a Inglaterra, país com um único título mundial, isso, após tirarem Pelé da Copa de 1966 na base da porrada.

De acordo com Rodrigo a metade dos votos recebidos na pesquisa foi para clubes ingleses, e que a Premier League, seria a responsável por este fenômeno e “símbolo de excelência” no esporte.

A pesquisa já causa muita surpresa ao elencar Arsenal, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Chelsea entre os 10 clubes com maior apelo de torcedores no Brasil, suplantando clubes como Barcelona, Real Madrid, clubes que, em passado recente capitaneavam o recorde de vendas de camisas de clubes estrangeiros no Brasil. Principalmente por conta da presença de grandes craques brasileiros que passaram por estes clube e fizeram história, como Romário, Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e mais recentemente o argentino Messi e o português Cristiano Ronaldo.

Na pesquisa relatada foram citados 18 clubes ingleses diferentes, os italianos ficaram na segunda posição, com dez times em seguida, a Espanha, com 9 equipes. Entre os três países europeus citados, causa estranhesa também que 47,02% dos votos computados apontem preferência para os times da Inglaterra, em detrimento de Itália e Espanha. Não à toa foi a ESPN que iniciou transmissões do futebol inglês no Brasil e ainda precisa alavancar este negócio.

Rodrigo apresenta números deste crescimento, no Twitter, a @ManUtdBR (endereço do Manchester United) tinha 2.737 seguidores há dez anos, hoje, está com mais de 45 mil pessoas. Já o Arsenal no twitter com a @Arsenal_Brasil, contava com 1.486 seguidores há uma década, hoje são mais de 23 mil componentes.

Ao falar do Manchester City, o repórter lembra de Pepe Guardiola, mas “esquece” de Gabriel Jesus, atacante da seleção brasileira destaque e artilheiro na equipe bretã. Apresentando o sucesso @ManCityBrazil que passou de 261 fãs há dez anos para mais de 31.500 seguidores atualmente.

O que vemos aqui é o mesmo movimento de consumo de bens culturais “enlatados” da arte, principalmente na música e no cinema. É uma imposição cultural do imperialismo fazer com que o resto do mundo goste do futebol europeu, um problema fundamentalmente econômico, já que movimenta milhões de dólares e euros mundo afora, mas também um problema cultural pois se trata da dominação de uma cultura colonial sobre uma colonizada, com um agravante que é que o futebol dos países colonizados, principalmente o Brasil, é muito superior o que aumenta a contradição e por isso o efeito é bem devastador sobre o nosso futebol já que a política de dominação precisa ser muito violenta.

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