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Por que a esquerda não levanta o fora Bolsonaro?

O aprofundamento do Golpe de Estado no Brasil tem sido acompanhado de um aprofundamento da crise do regime político burguês, que a cada novo fato político se torna ainda mais desmoralizado diante da população. O Golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016 colocou no lugar do governo petista um governo extremamente impopular liderado por Michel Temer e que levou adiante uma política de profundos ataques contra os direitos trabalhadores e suas condições de vida. Vimos também o crescimento da mobilização popular contra o regime nascido do Golpe e houve uma intensificação da polarização política no país que colocou imensos obstáculos para o avanço dos interesses da burguesia.

Apesar desse crescimento, a confusão e o oportunismo das direções das organizações esquerda não possibilitaram que o movimento contra o Golpe e contra o regime golpista evoluísse até suas últimas consequências, e muitos foram os esforços para canalizar a insatisfação e revolta popular para o campo eleitoral. Nesse sentido, a ala mais oportunista da esquerda defendeu a tese de que era necessário “virar a página do Golpe” e propunha que o movimento deixasse de lado a luta pelos seus interesses em nome da garantia da estabilidade do regime burguês.

As eleições vieram e a esquerda protagonizou mais um show de horrores, capitulando vergonhosamente diante da perseguição política e cassação dos direitos políticos do ex-presidente Lula. Ao invés de enfrentar os golpistas e levar adiante a candidatura de Lula, a esquerda aceitou as arbitrariedades do judiciário dominado pela extrema direita e o substitui por Fernando Haddad, elemento que representava a ala direita do Partido dos Trabalhadores e que foi derrotado por Bolsonaro no segundo turno. A eleição foi marcada pela escandalosa fraude eleitoral, que contou com a prisão de adversários, a cassação dos direitos de milhões de eleitores e a repressão do aparato policial contra a campanha dos candidatos da esquerda.

Da fraude eleitoral e da capitulação da esquerda surgiu o governo do elemento fascista Jair Bolsonaro, cuja base de apoio se resume aos elementos mais reacionários da política e aos aparatos de repressão do Estado burguês (policia, Forças Armadas, etc.). Em pouco tempo de governo vimos se aprofundar ainda mais a crise do regime e a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” passou a ecoar em todos os cantos do país, inclusive na maior festa popular que é o carnaval, na qual foram milhares as expressões contra o regime e pelo fim do governo Bolsonaro.

No entanto, a esquerda, que propôs “virar a página do Golpe”, agora se nega a apoiar o Fora Bolsonaro e se esconde por trás de campanhas demagógicas para não apoiar o que é um desejo real da população. Isso ocorre porque o movimento de esquerda se encontra totalmente dominado por uma política reformista e pequeno-burguesa que coloca a solução para os problemas da população como sendo uma tarefa parlamentar.

Para a maior parte da esquerda e para as direções das organizações do movimento operário, o regime político burguês é tido como algo “sagrado”, mesmo que ele seja totalmente controlado pela extrema direita que derrubou o governo petista por meio de um Golpe de Estado. Esse setor é profundamente comprometido com a demagogia da democracia burguesa e se recusa a chamar o “Fora Bolsonaro”, pois reconhecem sua vitória eleitoral (que só foi possível pela fraude total do processo) como legítima. Para esse grupo de organizações e para suas direções, a manutenção dos cargos parlamentares e a estabilidade do regime político é a tarefa número um e para isso estão dispostos a se adaptarem cada vez mais ao avanço da extrema direita em detrimento dos interesses da população.

No momento em que se recusa a impulsionar o “Fora Bolsonaro” essa ala oportunista da esquerda abre mão de disputar o poder político e permanece no cenário nacional apenas como um elemento demagógico e vazio de conteúdo real. A fragilidade e debilidade do governo nesse momento, em que a insatisfação popular cresce e toma corpo nas ruas, é a oportunidade de aprofundar a polarização política e impulsionar cada vez mais a mobilização generalizada contra o regime golpista de conjunto e de possibilitar uma vitória, mesmo que parcial, do conjunto dos explorados. Ao não chamar o “Fora Bolsonaro” a esquerda pequeno-burguesa oportunista acaba servindo de suporte, mesmo que não intencionalmente, de um regime falido e em frangalhos e coloca um freio para mobilização popular que não encontra vazão para suas insatisfações nas organizações de esquerda.

Esse é o caso por exemplo do candidato que substituiu Lula nas eleições, Fernando Haddad, que parabenizou Bolsonaro pela vitória e desejou a ele boa sorte em seu governo. Outro elemento oportunista do PT, Washington Quaquá (presidente do PT fluminense), defendeu que o partido deveria “deixar Bolsonaro governar até o fim” e o pedir a sua saída seria uma bobagem. Já o candidato do PDT, Ciro Gomes, reconheceu também a vitória de Bolsonaro como sendo legítima e fez questão de dizer que não iria “violar o respeito”, ou seja, que não iria se colocar contra o governo mesmo que ele seja um governo de massacre da população. Guilherme Boulos, do PSOL, que também foi candidato à presidência em 2018 reconhece que Bolsonaro foi eleito presidente, e se recusa a denunciar a fraude nas eleições garantindo assim a legitimidade do governo da extrema direita.

Declarações como esta deixam claro que o combate à extrema direita e à sua politica de guerra contra o povo não é uma prioridade para uma parte da esquerda, que se recusa a fazer um enfrentamento real com o regime golpista e propõe que o povo aceite a ditadura que a direita vem implantando no país, mas não deixam de provar que levantar esta palavra de ordem seja o caminho correto.

 

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