Há alguns dias, chamou bastante atenção o fato de que Wesley Teixeira, candidato do PSOL a vereador da cidade de Duque de Caxias, recebeu financiamento do banqueiro e golpista Armínio Fraga. O caso acabou gerando uma crise no partido, a retirada do apoio público de setores como o PCB e se tornou um verdadeiro escândalo. No entanto, não deveria: o caso está longe de ser uma exceção ou uma aberração no Partido Socialismo e Liberdade.
Isso porque o PSOL é um partido preparado para a infiltração por parte da burguesia. Embora carregue o termo “socialismo” no nome, a legenda não tem nada a ver com uma organização dos trabalhadores: trata-se de um agrupamento de parlamentares e grupos pequeno-burgueses sem qualquer coesão política ou ideológica. O PSOL não é um partido de programa, é um partido de “figurões” e “caciques” que utilizam o partido de acordo com seus próprios interesses.
Podemos afirmar que o PSOL é um partido sem programa porque, por exemplo, não tem um consenso em relação à questão da palestina — questão essa que não permite um “meio termo”. Ou se defende o povo palestino das barbaridades do imperialismo, ou se defende o imperialismo. E no PSOL, encontramos dos dois. Jean Wyllys, ex-parlamentar e figura de destaque no partido, defendeu publicamente o Estado criminoso de Israel. Isso apenas para citar um exemplo.
E se o PSOL não é conduzido por seu programa, quem produz o PSOL? Já dissemos que são os indivíduos: os parlamentares e “figurões”. Mas a questão mais importante é: quem conduz os indivíduos do PSOL?
A resposta não poderia ser outra: os capitalistas. Pois são os capitalistas que controlam a economia e, portanto, são eles quem têm condições de financiar campanhas, promover figuras etc. Dito de outro modo, se o PSOL é uma agremiação onde indivíduos competem entre si, o indivíduo A que recebe financiamento de um banco, terá, inevitavelmente, melhores condições de se impor perante o indivíduo B, que não recebe esse financiamento. O mesmo é válido se o indivíduo A tem espaço na imprensa burguesa e o indivíduo B não tem.
São as figuras financiadas e promovidas pela burguesia que costumam ser eleitas e, desse modo, adquirir influência sobre o partido. No fim das contas, serão sempre os capitalistas que determinarão aqueles que controlam o PSOL. E se são os capitalistas que determinam quem controla o partido, o PSOL jamais poderá ter uma política independente em relação à burguesia.
Uma última coisa que deve ser respondida é: se o PSOL é um partido e esquerda, que interesse teriam os capitalistas em financiar o partido? Ora, porque, diante da crise do regime político, não basta que a burguesia controle os partidos de direita, responsáveis por aplicar sua política oficial. É preciso ter um controle sobre os partidos reformistas, para impedir que a polarização política os empurre para uma posição de confronto com seus interesses.