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Carnaval no alvo os golpistas

Para a direita, o povo na rua é autoritário

A festa do povo é considerado pela direita conservadora como antidemocrática, porque o povo nas ruas é a única saída possível para derrotar o golpe

Em Coluna no jornal Gazeta do Povo da última segunda-feira (09/03), o filósofo e escritor Luís Felipe Pondé eleva todos os seus preconceitos às alturas para ataca a maior festa popular do Brasil, o carnaval.

O cerne da colocação de Pondé é de que o carnaval seria autoritário, pois oprime as pessoas que não participam dele. Para se opor à ideia de festa popular e democrática, afirma:

“Entretanto, há controvérsias nesse argumento. Existem atitudes autoritárias que brotam do chão no cotidiano das ruas e não apenas do poder Executivo. A dinâmica do Carnaval, me parece, é um desses casos: há traços de autoritarismo social no Carnaval, e ele é, cada vez mais, invasivo da rotina da cidade”.

Por esse primeiro argumento, o carnaval seria antidemocrático por ser “invasivo”, atrapalhar a sacrossanta paz do bom burguês na sua propriedade privada. Sim, pois nos morros, nas periferias das grandes cidades, o povo está nas ruas e vale sempre a máxima para os que não se envolvem na folia, “tá ruim da cabeça ou doente do pé”. Essa é uma primeira expressão da democracia e o carnaval é democrático porque o povo está nas ruas.

Mais adiante o filósofo do bom comportamento depois de reafirmar a opressão daqueles que são contra a folia –  “O Carnaval, à medida que cresce, sequestra a cidade, acuando quem não participa dele, logo, invadindo o espaço de todos” – avança em suas considerações reacionárias:

“Por outro lado, cada vez mais começa antes da data oficial e cada vez mais termina depois da data oficial, sequestrando o tempo e o calendário. Mas, como todo ato autoritário, quem o pratica está entusiasmado com sua própria alegria. Alguém duvida do Eros implicado no exercício do autoritarismo?”.

Quer dizer, a orgia que toma conta das cidades já não tem mais data oficial, começa antes e termina depois. A bacanal a céu aberto enrubesceria até o deus do amor. Pondé se vale do seu moralismo “religioso e puritano” para encobrir as manifestações populares que se intensificaram no meio do povo contra o golpe de Estado de 2016. Quem não lembra da escola de samba Paraíso do Tuiuti achincalhando  o servilismo das instituições brasileiras e, principalmente a Globo, como instrumentos dos golpe, à águia imperial representando os EUA no carnaval de 2017? E o Bolsonaro vai tomar no c# em 2018 e agora o grito aberto pelo Fora Bolsonaro que tomou conta do País de norte a sul e de leste a oeste? O que poderia existir de mais democrático do que uma festa popular e que por isso mesmo expressa os anseios populares, capaz de extrapolar esses anseios para o ano todo, como temos visto no Brasil? 

Mais adiante, como não pode fugir da política, Pondé ataca os foliões ao estilo Bolsonaro, só que com pudor, típico de todo moralista: 

“O fato é que mesmo a turminha politizada e ideológica (o Carnaval tem crescido como plataforma ideológica, aliás, como tudo o mais) em seus bloquinhos sujam a cidade de forma absolutamente totalitária e invasiva. Mijam (para não dizer coisa pior) nas ruas dos outros, às vezes, mesmo, com gritos de “direito de apropriação do espaço público”.”

O carnaval é uma excrescência para Pondé. O povo mija, suja a cidade e depois grita pelo fora Bolsonaro. Pior, por sujar significa que o carnaval não é democrático seria então o quê? É um novo conceito de totalitarismo? É uma nova tropa SS nazista ou um grupo de milicianos fascistas apoiadores de Bolsonaro que está sujando as ruas das cidades?

O carnaval é sobretudo uma festa popular de cunho político, mais ou menos consciente por parte da população e é por isso que nesses anos de golpe a balança tem pendido indubitavelmente para o lado positivo.  E isso só ocorre porque o carnaval é uma festa democrática, com o escracho sendo esteve intimamente às lutas em torno da liberdade contra a direita, contra fascistas tipo Bolsonaro, militares assassinos da ditadura militar e assim por diante. 

No afã de usar o povo contra o povo, Pondé denuncia a “alegre incivilidade” que deixa um rastro de sujeira que será limpo pelos garis.

“E sabe quem vai limpar essa sujeira no dia seguinte? Provavelmente evangélicos não tão branquinhos como a maioria dos foliões e que, possivelmente, nem participaram da “festa democrática” abusiva. Esses mesmos evangélicos que os branquinhos que mijam por aí acham um horror de preconceituosos”.

O horror ao pobres, aos garis, aos lixeiros é do povo que é todo branquinho? Pondé está confundindo o carnaval popular com o carnaval chique dos clubes paulistanos com a sua burguesia e classe média alta branquinha e bolsonarista, verdadeiros coxinhatos.

No frigir dos ovos, a cruzada moral de Pondé contra o carnaval é porque, como um ideólogo da direita, tudo que menos quer é o povo na rua. Para embasar a sua oposição à democracia do carnaval, o colunista supõe, no início do seu artigo, que um democrata da Atenas do século V antes de Cristo veria com maus olhos a democracia popular que se expressa no carnaval. Com o respeito a um povo que está na base da cultura do mundo ocidental, não podemos esquecer que a democracia ateniense estava ancorada no trabalho escravo da grande maioria da população.

Luís Felipe Pondé dá muita volta em torno do carnaval para provar que é uma festa antidemocrático, pois a sua concepção é contra o “senso comum de democracia como um “regime do povo nas ruas””. Para a felicidade geral da nação o povo contradiz Pondé e defende o direito de ir às ruas, a começar pelo carnaval.

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