Morreu, na última segunda feira, o trabalhador Ismael Marques Moreira, de apenas 31 anos. O encanador foi assassinado por um policial militar, com um tiro no olho, enquanto saía de um mercado em Osasco, na grande São Paulo. Registros comprovam que Ismael estava desarmado, não aparentou qualquer comportamento suspeito, e sequer foi abordado.
A esse tipo de brutalidade policial, a grande imprensa burguesa evoca o palavreado pomposo e tecnicalidades desumanas, chamando ação da PM de “erro operacional”, “externalidade negativa da segurança pública”, “letalidade policial decorrente de confronto”. Confronto, qual? E se houvesse confronto, tudo bem matar o sujeito? Chamar isso de confronto não é só eufemismo, trata-se de covardia. E não é raro nos deparamos com essa falsificação da realidade nos meios de comunicação, até mesmo entre os veículos da esquerda pequeno-burguesa.
O caso de Ismael é mais um entre os milhares que ocorrem ano a ano, na política de extermínio da polícia contra a população pobre e trabalhadora. Levantamentos da própria Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que as vítimas letais de policiais aumentaram em 28%, na comparação de janeiro de 2020, em que ocorreram 76 mortes com janeiro de 2019, em que ocorreram 59. Um aumento expressivo para o primeiro mês do ano.
Quando se trata de Brasil, o aumento das mortes causadas por policiais coloca uma realidade assustadora para o povo trabalhador. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia mata o equivalente a 14 pessoas por dia. Isso mesmo, só em 2017 foram mais de cinco mil mortos pelas polícia civil e militar. Número este que vem numa crescente, como podemos ver no gráfico. Um aumento de 21% em relação ao ano anterior da pesquisa. Ao mesmo tempo, o estudo mostra que as mortes dos agentes policiais têm diminuído ao longo deste período.
Vale lembrar que se tratam de informações disponibilizadas por órgãos governamentais. E alguns deles admitem que os números estão subestimados, já que podem ser muitos os casos não registrados, a chamada cifra negra. Estudiosos chegam a estimar, para alguns estados do país, que o número de homicídios não registrados equivaleria a um ano inteiro dessas ocorrências. Além desses assassinatos, há os casos de desaparecimento forçado, em que as vítimas somem depois de abordagens policiais. E nem falamos dos casos de tortura, espancamento e ameaças feitas pelas forças policiais em delegacias, quartéis, camburões… quando não ocorrem na própria casa ou escola das vítimas, ou até mesmo a céu aberto, nos espaços públicos frequentados pelo povo.
Não estamos diante de um equívoco ocasional por parte dos agentes ou falhas governamentais na gestão das polícias. Estamos falando de uma política do aparelho repressivo do Estado que está determinada a esmagar a classe trabalhadora, da forma mais violenta e brutal possível. Diante de tamanha repressão, da quantidade de sangue que essa truculência faz verter e do caráter burguês da repressão estatal. Os movimentos sociais, os sindicatos e suas centrais e os partidos que estão ao lado do povo só encontrarão coerência em suas posições se defenderem abertamente a total dissolução da PM. Os setores organizados da classe trabalhadora devem incorporar o grito da militância, que deixa claro a única saída para esse problema: “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar!”
