Um relato de um policial paranaense publicado no portal online Justificando, revela o caráter abertamente repressor e violento da Polícia Militar. Uma das frases escritas pelo Policial em seu relato é que a PM “está em uma guerra ideológica para matar pobre”. Em sua descreição o PM conta que em 2016 ingressou na corporação e logo assumiu o comando de uma companhia que tinha por objetivo cuidar da região metropolitana de Curitiba.
Durante o período que esteve à frente deste comando, o PM conta que presenciou uma série de irregularidades e arbitrariedades praticadas pelos comandantes e os policiais: “estou me referindo a distribuição de efetivo pela malha feita de maneira irresponsável, o que no final gera mortes e assaltos; refiro-me ao uso político das forças de segurança, realizando operações que aparecem muito, mas que não solucionam nada; refiro-me a vistas grossas para a corrupção policial, condenando os policiais novatos a experiências terríveis dentro da viatura; refiro-me a vistas grossas para execuções e torturas; refiro-me a métodos de fiscalização obsoletos e ineficientes; dentre outras coisas.” Descreve o policial.
Após fazer um conjunto de denuncias do que estava ocorrendo, o PM, que havia pedido para ser afastado do cargo, foi mandado para uma unidade de policiamento escolar. Nesta unidade os problemas continuaram. O policial denunciou, por exemplo, o caráter repressor e ineficaz do programa PROERD. O Programa Educacional de Resistência às Drogas, que tem sua origem nos EUA, na década de 1980, foi importado para o Brasil em 1992. O policial destaca, por exemplo, a influencia religiosa no interior da proposta. Conta que os policiais que participavam do projeto eram obrigados à frequentar a igreja, aqueles que se opusessem eram repreendidos.
O PM destaca ainda que os estudos sobre o programa revelam a sua total ineficiência. “Os adolescentes que passaram pelo programa usaram mais drogas na vida adulta do que os que não passaram”. Ressalta ainda que a proposta não passa de instrumento de propaganda das ideias conservadoras, da extrema-direita e da própria religião.
Após ser transferido também deste cargo por conta das denuncias que fazia o PM contraiu depressão. Durante o tratamento entrou em contato com policiais nas mesmas condições que a sua. Foi então que conheceu histórias parecidas com a sua. Os policiais relatavam para ele as práticas de torturas e assassinatos que eram obrigados a fazer para continuar na corporação. Há o relato também dos chamados batismos. Um policial novato tem que demonstrar para seus superiores que é capaz de estar no cargo. Para que seja aceito sua missão é ir em alguma periferia e assassinar uma pessoa. Este é o batismo da corporação.
O PM conclui seu relato com a seguinte trecho: “somos treinados com o mantra BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO, mas eu nunca vi um policial sair para executar um deputado bandido, um juiz que vende sentença, um senador que é chefe de tráfico. E eu não espero que saiam. O que eu quero demonstrar é que você, policial, está sendo enganado. Você está numa guerra ideológica para matar pobre. Não é bandido bom é bandido morto, mas sim, pobre bom é pobre morto. Você está sendo manipulado.”
O relato corrobora o fato de que a PM não passa de uma instituição assassina da população pobre, negra e trabalhadora. Sob o pretexto de combater a violência, os policiais são “treinados” dentro de uma política de extrema-direita e de caráter fascista. A política extremamente repressiva no interior da policia fica expressa na ação dos policiais contra o povo. O número de mortos pelos policiais tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, principalmente após o golpe de estado.
A PM é uma instituição inimiga da população pobre, a única alternativa possível é a sua dissolução. É preciso por abaixo todo esse aparato repressivo. É preciso colocar a segurança sob controle da própria população, por meio das milicias populares, organizadas nos bairros operários.