No último dia 6, por volta das 15h, dois jovens da Fazenda União III, como é conhecido o Seringal São Bernardo, que fica na região de Rio Branco no Acre, foram agredidos por policiais militares durante horas, conforme denúncia da CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Os rapazes, Francivaldo Santos (25 anos), e Maurir de Souza (24), moradores há nove anos do Seringal São Bernardo, trabalhavam no campo quando foram abordados por quatro policiais sem nenhuma ordem judicial, que entraram na comunidade num carro hilux sem identificação de ser viatura da polícia, abordaram e agrediram fisicamente os rapazes. Tudo isso portando fardas do Comando de Operações Especiais (COE) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).
Além das agressões, os policiais separaram os jovens e perguntaram incessantemente onde estariam as armas e os torturaram com ameaças de morte e até tiro no chão. Entre as agressões e o interrogatório os trabalhadores identificaram Elielson “Preto”, capataz da fazenda União, junto com os policiais.
Como não conseguiram encontrar nada, os policiais levaram os jovens algemados para a delegacia da capital, onde se encontrava Mozar Marcondes Filho, que se diz proprietário da fazenda, que seria atendido primeiro pelo delegado. Segundo matéria do portal AC 24h Marcondes mantinha 13 trabalhadores em situação de trabalho escravo na Fazenda Agropecuária Sorriso, área rural de Rio Branco, em 2015, e consta na lista suja do trabalho escravo de 2015, 2017 e 2018.
Segundo o próprio delegado, em manifestação feita ao MP-AC: “esse Mozar (o fazendeiro) aqui de novo perseguindo todo mundo, não era para esses meninos estarem presos.”
Na terra há mais de 30 anos, posseiros que vivem das extrações da castanha, da borracha e da pequena agricultura, sofrem ameaças, expulsões e agressões dos latifundiários e de seus jagunços, que estão dentro dos próprios aparatos da segurança estatal.
O Estado, que deveria garantir os direitos da população, sobretudo à terra e ao trabalho, atua pela omissão, quando não garante os direitos e permite que eles sejam violados por si e por terceiros, sobretudo os latifundiários, e pela repressão, especialmente pelo papel das polícias que atuam como segurança privada e jagunços dos latifundiários nas ameaças, agressões e tortura contra os seringueiros, para intimidar suas famílias e expulsá-las do latifúndio em conflito.