Devido aos grandes protestos na França, motivados pelos dos EUA, as autoridades francesas tiveram de recuar e propor normas que restringem muito pouco a violência policial. Mesmo assim, demonstrando o caráter fascista da polícia, os policiais ficaram indignados e querem mesmo a repressão da população.
Num verdadeiro ato falho a Polícia francesa acabou vestindo a carapuça do fascismo. Os agentes da repressão a serviço da burguesia resolveram sair nas ruas do país em protesto ameaçando suspender as operações de detenção da corporação. O que do ponto de vista da classe operária seria algo positivo.
A motivação para a mobilização policial foi a recente proibição por parte do Ministério do Interior da França de se utilizar a técnica do estrangulamento, ou mata-leão, ensinada nas academias de polícia para imobilizar suspeitos que resistem à ordem de prisão.
A avenida Champs Elysées, em Paris, recebeu uma carreata com cerca de 50 policiais que atravessaram a via em direção à sede do Ministério. Solicitavam entre as pautas a demissão de Castaner que comanda a pasta e é muito próximo do presidente Emmanuel Macron. Os policiais franceses alegam “traição” pelo governo, que afirmou existirem “suspeitas confirmadas de racismo” dentro da polícia francesa.
Policiais civis e de brigadas de intervenção decidiram realizar vigílias simbólicas em frente a delegacias, e jogaram algemas no chão simbolizando suas intenções em suspenderem as operações de detenção, caso não possam usar a técnica do estrangulamento.
Os policiais franceses não admitem a solidariedade mesmo que fajuta e oportunista do governo de Macron com a onda de indignação que se espalhou pelo mundo, após o assassinato de George Floyd por policiais na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos.
Elementos da polícia francesa foram identificados pelo governo como membros de grupos virtuais de linchamento de árabes e negros. A polícia não aceita tal acusação e diz que se trata de uma minoria que não representa os interessas da entidade assim como ocorreria na sociedade. Uma falácia completa já que o único motivo para uma organização como a polícia militar é a repressão da população pobre e marginalizada, justamente o que estes reivindicam restabelecer sem restrições.
Jovens negros e descendentes de árabes imigrantes, assim como no Brasil, são imediatamente associados ao crime e ao tráfico de drogas, julgando pela cor da pele. Quando são mortos por policiais seus casos rolam pelas delegacias e juizados sem que ninguém seja punido. Ou seja, um padrão da estrutura burguesa de repressão.
A relação entre os franceses e a polícia vem azedando desde a violência com que os protestos dos coletes amarelos foram dispersos no ano passado. Inúmeros manifestantes perderam a visão pelo uso excessivo de balas de borracha durante os atos.
Para o banqueiro e presidente Emmanuel Macron o racismo seria “uma doença que atinge toda a sociedade”. Seria preciso ser “implacável” sobre essa questão nas instituições e que se “reforçassem as ações” contra o preconceito xenofóbico e à cor de pele dos cidadãos. Quando se trata de comentar as manifestações na França, em homenagem a George Floyd e contra as violências policiais, o capitalista Macron foge das generalizações e passa a defender apenas a modernização das técnicas de abordagem policiais chegando a sugerir como alternativa ao estrangulamento o choque elétrico de baixa tensão.