A Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará iniciou uma campanha para o carnaval contra o uso de determinados tipos de fantasia. Nas imagens, divulgadas pela internet, pode-se ler “aça não é fantasia”, “Etnia não é fantasia”, “Identidade não é fantasia” e “Religião não é fantasia” (veja imagens abaixo).
Não é a primeira vez que ideia desse tipo aparecem no carnaval. A novidade, até onde se sabe, é que a campanha desse ano no Ceará é feita de maneira oficial por um órgão de Estado.
A ideia de que seria ofensivo usar determinadas fantasias é apresentada por setores da esquerda pequeno-burguesa identitária. No ano passado, Manuela D´Ávila do PCdoB chegou a fazer um vídeo para “explicar” quais fantasias seriam politicamente incorretas no carnaval.
Ao defender tal ideia, a esquerda adota uma política de tipo policialesca através de um controle ideológico do que se poderia ou não fazer. A esquerda acha que seria possível obrigar que o povo se adeque àquilo que ela acha ser certo ou errado.
A campanha da Defensoria Pública mostra aonde pode ir essa ideologia da esquerda pequeno-burguesa: pode facilmente se transformar em um pretexto para uma ação de tipo policial por parte do Estado.
Afinal, se é possível considerar determinado tipo de fantasia uma ofensa, ou até mesmo como insinua a campanha, racismo, preconceito religioso etc, estaria moralmente justificada uma repressão contra um cidadão que se fantasiasse seja lá do que for. Esta é a única consequência do controle ideológico proposto pela esquerda pequeno-burguesa.
A repressão, no entanto, não irá recair sobre os verdadeiros racistas, fascistas etc. Como sempre, a repressão se voltará contra o povo pobre que está nas ruas apenas se divertindo no carnaval.
Aqui, vale a máxima fundamental do que sempre defenderam os marxistas: cada um fala e se expressa como quer. Colocar em prática uma espécie de polícia ideológica no carnaval só vai servir para atacar o povo em geral e particularmente o direito à livre expressão da população.
É preciso lembrar da repressão que os governos estão preparando contra o povo nas ruas durante o carnaval. Fica fácil descobrir qual o sentido dessa política de controle ideológico e censura: justificar ainda mais repressão.