Na última quinta-feira (5), uma operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro alvejou um carro com nada menos que 19 tiros. Dentro do veículo, estavam quatro pessoas, que foram todas assassinadas. Uma delas era o comediante Diego de Farias Pinto, conhecido como “Bunitinho”.
“Bunitnho” já vinha fazendo sucesso na internet desde 2018. No dia em que foi assassinado, o comediante havia sido convidado para fazer um show em uma festa na comunidade do Dendê, na Ilha do Governador. Segundo a Polícia Militar, o carro em que “Bunitinho” estava foi atingido ao passar por um tiroteio entre policiais e traficantes.
O comediante carioca se tornou mais um número nas tenebrosas estatísticas do Rio de Janeiro. Desde o início do ano – que ainda não acabou -, já foram contabilizados mais de 1.600 assassinados pela polícia. É de se esperar, no entanto, que esse número seja muito maior, se for levado em conta os casos que não foram registrados nos levantamentos oficiais.
Os assassinatos provocados pela PM são parte do programa brutal da burguesia para a classe operária na atual etapa. Braço armado do Estado burguês, a Polícia Militar é uma instituição criada para que a burguesia imponha, pelo monopólio da força, a política de espoliação do povo. Afinal de contas, uma política desastrosa que leva ao desemprego e à miséria só pode ser aplicada por meio da força.
Muito diferentemente do que a imprensa burguesa procura mostrar, o massacre de Paraisópolis não foi um caso específico, causado pela má gestão do governo estadual ou pelo interesse de uma ala minoritária da PM. Perseguir o povo pobre e negro, proibir que frequente os mesmos lugares que a burguesia frequenta e impedir que se manifeste, que se reúna ou que proteste é o modo de operação padrão da PM em todo o Brasil.
A PM é uma instituição tão valiosa para a burguesia que, mesmo nos casos em que um partido de esquerda governa um determinado estado, a corporação consegue ter uma ação relativamente independente. Apoiadas pela imprensa golpista, a PM se disfarça atrás do discurso contra a “bandidagem” para exigir mais armamento e melhores condições para agredir duramente o povo.
Em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo, contudo, a situação da PM é ainda menos favorável aos trabalhadores. Nos dois estados, que são os mais importantes e os que possuem as maiores parcelas da classe operária do país, a burguesia colocou no poder governadores de extrema-direita, que não se eximem de fazer propaganda pública para que a PM atua como uma máquina assassina. Não é à toa, portanto, que a ação da PM nos dois estados têm sido visivelmente brutal.
No Rio de Janeiro, onde acabou de ocorrer o assassinato de uma figura pública – “Bunitinho” tinha quase 100 mil seguidores no YouTube -, nem mesmo as crianças estão escapando dos massacres da polícia. A menina Ágahta Félix, cujo assassinato repercutiu em todo o país, foi a quinta morta pela PM.
Se tem algo que a Polícia Militar do Rio de Janeiro está conseguindo, é demonstrar, cada vez mais, que o discurso da extrema-direita de que é preciso reprimir os “bandidos” não passa de mais uma mentira para reprimir a população de conjunto. Por isso, é preciso exigir a dissolução da Polícia Militar e o fim dos governos golpistas, inimigos da população. Fora Witzel, Doria, Bolsonaro e todos os golpistas!