A Polícia Civil do Rio de Janeiro colocou sob sigilo por 5 anos toda a documentação relativa ao massacre na favela do Jacarezinho, ocorrido no último 6 de maio e promovido pela mesma instituição, resultando em 28 mortos. Foi a operação mais letal da história da cidade do Rio de Janeiro. Tanto o relatório final, que descreve com maiores detalhes, quanto os participantes e a própria justificativa da operação, dentre outros documentos, permanecem como documentos “reservados”.
Assim, os claros indícios, para não dizermos provas cabais, de tortura e execussões sumarias cometidos pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, dentre outros crimes, como invazão de domiciolio, intimidação, ameaça a população estão fora do alcance da população. Essa medida, somente corrobora com as acusações e indícios, serve mesmo como uma confissão de culpa.
Segundo a própria instituição os documentos estão, no entanto, à disposição do Ministério Público Federal que por determinação do Supremo Tribunal Federal investiga o caso. Em nota a Polícia Civil afirma:
“Falar em violação aos Direitos Humanos antes da conclusão das investigações é precipitado e busca politizar a discussão. Os órgãos responsáveis pela investigação têm amplo acesso a todas as informações, sem qualquer sigilo, garantindo a transparência e eficácia da investigação.”
Pode uma operação ilegal, pois havia decisão expressa de não realizar operações no período de pandemia, que deixou 28 pessoas mortas e um rastro de pânico e terror, ter observados os direitos humanos? A operação em si é um atentado contra todos os direitos.
É evidente que sem a pressão popular, não haverá investigação alguma da parte do MPF, todos os crimes serão ignorados e o massacre cometido pelo Estado, que usurpou, pisoteou os direitos dos que foram assassinados e de todo o povo cairão no completo esquecimento. Mostra aí o caráter criminoso das instituições repressivas no Brasil, que seguem todos o mesmo roteiro da Polícia Civil do Rio de Janeiro, assim como na ditadura, as instituições repressivas que atentam contra os direitos e a vida da população e apagam os rastros dos próprios crimes para que não venham a luz.