No dia 10/04, quarta-feira, cinco estudantes estavam realizando um protesto contra o governo Bolsonaro na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, região central de Brasília (DF), quando foram abordados pela PM por “desrespeitar o Chefe de Estado”.
No ato, os alunos Géssyca Alves, Giselly Alves de Souza, Larysse Alves Santos, Thiago Nunes de Abreu e Victor Henrique de Sena entregavam panfletos com os dizeres “Carta branca para matar preto e pobre. Assinado: Capitão Bolsonaro”, acompanhada de um envelope onde estava escrito: “Remetente: Capitão Bolsonaro” e “Destinatário: PM & Exército”, junto aos estudantes também havia uma faixa com os dizeres “80 enganos… e diariamente perdemos as contas. Por que minha cor é o alvo?”
De acordo com Géssyca, organizadora do ato, o motivo para estarem ali era
Aquele fato que ocorreu no Rio [80 tiros disparados pelo Exército contra o carro de uma família, que resultou na execução do músico Evaldo Rosa dos Santos] chamou muito a atenção das pessoas, então achei que era o momento bom para falar não só daquela acontecido, mas para dizer que isso ocorre diariamente nas nossas cidades e que ninguém fala. Muitos de nós estão morrendo e nem entra nas estatísticas. O nosso presidente não havia se pronunciado até o momento do ato e, quando se pronunciou, foi para dizer que o Exército não matou ninguém.
A abordagem dos PMs foi calma até verificarem o conteúdo dos panfletos. Géssyca relata que “eles xingavam a gente o tempo inteiro, me chamando de vagabunda, de à toa, falando que o governo anterior era muito pior e que eu não podia desrespeitar o Chefe de Estado”.
A estudante conseguiu gravar um vídeo durante a abordagem, no qual critica os policiais num tom irônico:
Estava aqui distribuindo o nosso material e gentilmente a polícia chegou pra falar que eu estou difamando o nosso excelentíssimo presidente […] O nosso país é assim, enquanto está todo mundo calado e a galera morrendo, ninguém se incomoda com nada. A partir do momento que a gente se incomodar com a morte dos nossos, aí vai ser complicado, por que a gente está errado […] mais uma vez o alvo está no peito do preto e do pobre.
Logo após a gravação do vídeo, os policias decidiram revistar o carro das outras duas garotas que estavam no ato. De acordo com a versão do policial, eles encontraram “um dichavador com porção de substância, aparentemente maconha”, o que acabou virando pretexto para a apreensão dos materiais usados no ato. De acordo com os relatos de Géssyca, os PMs insistiram para que o delegado registrasse a estudante como agressora e o presidente fascista e golpista, Jair Bolsonaro, como vítima no boletim de ocorrência.
O caso registra o fato de que a polícia é bolsonarista e defende o massacre do povo negro. Além de ser mais um atentado à liberdade de expressão, ele comprova a ligação direta entre o bolsonarismo, o caso dos 80 tiros e a polícia.
Com a eleição fraudulenta de Bolsonaro, a PM está se sentindo cada vez mais a vontade para atacar e reprimir a população, principalmente se essa for negra e pobre. Já são inúmeros casos de mortes “por engano”, de prisões sem motivos e de repressão aos movimentos sociais.
O PCO é a favor da dissolução de todas as polícias e da criação de milícias populares para a defesa da população. É necessário derrubar o governo Bolsonaro, que incentiva esses tipos de ações da polícia. O povo precisa ir às ruas exigir o Fora Bolsonaro! e o Liberdade para Lula!