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A “cegueira” de Isto É, que ataca a esquerda para ocultar seu apoio ao golpe e ao governo Bolsonaro

Em matéria de Capa de sua edição do último fim de semana, a Revista IstoÉ, que fez aberta campanha – como toda a imprensa capitalista – a favor do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, apoiando a ascensão do regime Resultado de imagem para capas Isto É impeachmentgolpista sob a presidência de Michel Temer, buscou emplacar uma candidatura apoiada por setores Resultado de imagem para capas Revista Isto É Bolsonaro Guedesdominantes do grande capital golpista e, não conseguindo se colocou a favor do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e de seus ministros “liberais”, se dedica a atacar e tentar desmoralizara esquerda, sob o disfarce de criticar o “radicalismo” de setores da direita e da esquerda.

A matéria intitulada “A cegueira dos radicais” começa por anunciar que “o Brasil vive a era do radicalismo, no qual – supostamente – “existem dois lados” que “berram”, “só ouvem o que lhes interessa”e que cometem “estelionatos históricos”.

O pretexto para o emprego de velhos argumentos da direita contra a esquerda, sob o disfarce de condenar os excessos, já identifica claramente a posição reacionária que a Revista assume na polarização política crescente que toma conta do País, diante da enorme revolta popular contra o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, expresso nas ruas (notadamente desde o carnaval e nos atos convocados – ainda timidamente – pela direita) e até nas pesquisas de opinião contratadas, realizadas e divulgadas por setores do grande capital: “Na última semana, vivenciamos as pontas mais visíveis dessa radicalização…. a ladainha do comemora-não-comemora os 55 anos do golpe de 31 de março de 1964”.

O ponto de partida da Revista é o de que comemorar o golpe de Estado que derrubou um governo eleito pela população e  saudar o regime político por ele instalado que mergulhou o País em um período de arbítrio e retrocesso político e social, com milhares de pessoas atingidas pela ação repressiva do Estado, mortos, desaparecidos, presos, torturados etc. seria uma questão secundária, contra a qual não deveria haver oposição e protestos.

Como outros órgãos da imprensa que nunca protestaram contra esta infâmia, feita subterraneamente em muitos quartéis mesmo depois do fim da ditadura e que só foi proibida em 2011, por decreto da presidenta Dilma Rousseff (presa e torturada pela ditadura e que por este e outros motivos menos nobres teve sua deposição co-patrocinada pelos chefes militares) a Revista apenas protesta contra o excesso de setores do governo que saíram publicamente a propagandear a comemoração e critica uma das alas mais reacionárias do governo, por meio do ministro de Relações Exteriores, o embaixador Ernesto Araújo, que “inventou que o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini seriam ideologias de esquerda” e o próprio presidente Jair Bolsonaro “quem ordenou que se celebrasse o aniversário do golpe – para ele, ‘revolução’ ou ‘contragolpe’”.

Para encenar alguma imparcialidade, a Revista cita a celebração de um “pequeno grupo de extrema direita”, como se fosse meramente uma ação isolada de lunáticos, sem mencionar que o mesmo se postou em frente à sede e teve apoio operacional da poderosa  FIESP, e teve em sua proteção a PM do governo do Estado de São Paulo, para – com meia dúzia de indivíduos tentar provocar e promover agressões contra mulheres e manifestantes isolados de esquerda que passassem pelo local.

Dá publicidade à ação desse grupo ultra minoritário para valorizar sua posição de teria ido “para a Paulista comemorar um dia histórico”, pois, segundo o representante direitista citado, “vivemos mais de trinta anos de doutrinação e escravidão nas mãos da esquerda comunista”. 

A matéria busca colocar  no mesmo nível toda a esquerda, que se opões a comemorar o golpe, destacando o Partido da Causa Operária (PCO) que foi “às ruas contra a celebração do golpe e contra Bolsonaro”, como destaca a Revista ao citar Antonio Carlos Silva, dirigente do PCO.

Daí em diante a matéria se dedica a embelezar a ação da direita e apontar sem qualquer fundamento uma igualdade entre a ação dos defensores do golpe de Estado, de ontem e de hoje, com os seus opositores.

Usa  por exemplo, uma declaração do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, de que “há milícias organizadas nas redes”, que usam robôs e perseguem opiniões e pessoas que pensam de forma diferente”, para apresentar isso como uma prática comum da esquerda e da direita, sem explicitar o que é de conhecimento público: que é a direita que dispõe de recursos – inclusive do exterior – para patrocinar este esquema de divulgação de suas ideias, uma vez que não te apoio real entre ativistas com capacidade e quantidade suficiente para promover uma divulgação de suas ideias reacionárias.

O caráter reacionário da Revista fica evidente no ataque amplo, geral, e irrestrito à esquerda em todo o mundo. IstoÉ chama de radicais, entre outros, “os coletes amarelos fustigam semanalmente nas ruas o governo de Emmanuel Macron”, sem sequer considerar que o movimento que levou milhões de pessoas às ruas da França – com amplo apoio da maioria do povo – se levantou contra a política neoliberal do governo de ataques e retrocesso às condições de vida dos franceses. Para eles os “venezuelanos [são]  tiranizados por Nicolás Maduro” eleito pelo povo venezuelano e, por certo, democrata seria Juan Guaidó que se auto proclamou presidente, com o “voto” apenas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apoio de seu capacho tupiniquim, Bolsonaro, e de toda a imprensa capitalista submissa.

Em favor de sua política – a mesma de setores que apoiam o golpe e o ataque do regime golpista contra os trabalhadores – a matéria apresenta frases de políticos velhacos da direita e extrema direita que como Isto É, neste momento, seriam contrários à “radicalização”, uma vez que essa ameaça a estabilidade do governo e do regime político que- de fato – eles apóiam.  A revista cita, por exemplo o ex-presidente FHC, que ataca o “presidente da República [que] confunde os autoritarismos: chama nazis de comunistas” bem como “o PT [que] confunde Justiça com arbítrio”. E também a advogada dos tucanos, Janaína Paschoal, no processo do impeachment, eleita deputada no processo mais fraudulenta da recente história do País, obtendo mais de 2 milhões de votos para deputada, com gastos declarados de R$ 40 mil, que assinala que é “hora de virar a página. Deixem 64 em 64! Temos 2019 em diante para cuidar. Bolsonaro também não consegue sair de 64”

Em linguagem rebuscada, como quem dá voltas por que não pode apresentar diretamente seu objetivo de criticar a polarização  provocada pela mobilização da esquerda, das organizações ligadas aos trabalhadores porque ela enfraquece a direita e seus ataques contra os trabalhadores; a Revista lamenta que que ela não se atenha a um “aprimoramento constante das ideias” como se “fossem conceitos ideológicos no campo filosófico hegeliano”.

E parte para uma propaganda direitista contra o que chama de “pregações totalitárias” forçando a barra para comparar o governo de Jair Bolsonaro,a os governos que classifica de “populistas” de Getulio Vargas, João Goulart, Lula e Dilma Rousseff, colocando no mesmo “balaio”, os governos de características limitadamente nacionais, pelas quais se enfrentaram em diferentes momentos e níveis com o imperialismo e foram por ele duramente atacados, com a deposição, prisão e até morte com o presidente que bate continência para a bandeira norte-americana, aponta Trump como o maior líder da humanidade e adota uma uma política de total subserviência, seja nas questões de diplomacia internacional (com ao conceder liberação do visto de entrada de norte-americanos e poucos outros, no Brasil, sem qualquer contrapartida; ataque aos países árabes etc.) seja na entrega de setores chaves da nossa segurança (base de Alcântara) e economia nacional (petróleo, abertura de 100% do capital das companhias áreas para as multinacionais, privatizações etc.)

A Revista, que é um dos órgão burguês, parte do monopólio da imprensa imposto ao País, busca deformar a realidade apresentando o problema como se não existisse luta de classes, coisa inventada pelo Lula, “o criador e disseminador do ‘nós contra eles'”, segundo a matéria. Situação que estaria sendo agravada por “Bolsonaro e alguns ministros [que} elevam a deturpação ao estado da arte”,  afirmando que “a gestão do capitão reformado, em sua primeira centena de dias que foram tão ruins que parecem mil, promove de dentro do próprio Palácio do Planalto essas distorções”.

Toda a matéria está marcada pela tentativa de confundir os tradicionais e costumeiros métodos da direita, como sendo hábitos comuns à esquerda, em claro favor dos primeiros. IstoÉ afirma, por exemplo, que “os provocadores são infiltrados em manifestações, pacíficas ou não, que envolvam apoiadores da tese adversária”, para “causar”, quando até um estudante com conhecimento da leitura e de um pouco da realidade, dos anos iniciais do ensino médio, sabe que é a direita e, notadamente, seus órgãos de repressão, como se cotidianamente, até mesmo (raramente) na imprensa burguesa que filtra as informações que sejam nocivas aos seus interesses de classe. A mesma direita que torturou, matou e desapareceu com milhares de pessoas que se opunham ao regime militar durante a ditadura e que segue executando, por meio das milícias (com quem tem laços que nada tem a ver com “coincidências”) ou pelas mãos dos órgãos de repressão do Estado milhares de pessoas (como os 5.144 mortos pela PM, apenas em 2018), que fuzila mulheres, índios e sem terras indefesos seria pacífica, pois como afirma o cientista político Eduardo Grin, citado em apoio à tese da Revista, “toda a cultura e a prática do confronto começou em 2013 com Lula. O ex-presidente transformou a coisa numa guerra santa”.

O destaque dado ao Partido da Causa Operária (PCO), pela Revista, como suposto “representante”, junto com Lula, da suposta “cegueira” da esquerda, não é causal, como procura fazer IstoÉ, que cita curtíssimas e deturpadas afirmações de um dos seus dirigentes, supostamente, porque ele “esteve na Avenida Paulista no domingo 31”.
Como já vem fazendo outros órgãos da imprensa golpista, IstoÉ busca mirar no PCO, diante do notório crescimento da influência politico do partido entre as camadas do ativismo que expressam um compreensão cada vez maior da necessidade de levar adiante um amplo processo de mobilização dos trabalhadores e da juventude e de suas organizações de luta, contra o golpe de Estado, pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos e pela fora Bolsonaro e todos os golpistas.

Tudo isso para terminar defendendo o parasitismo do grande capital, como é o caso público e notório da própria imprensa capitalista, cada vez mais dependente dos recursos do Estado ou dos outros parasitas que se sustentam dos recursos públicos e investem em publicidade (direta ou indireta) para que estes “órgãos da “imprensa livre” apoiem suas propostas concretas, sob o disfarce da defesa da tese mais que centenária  do Barão de Mauá de que o caminho para pacificar o País seria adotar “o melhor programa de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem”.

isto quando eles defendem publicamente o golpe de Estado, o governo ilegítimo de Bolsonaro (resultado da fraude eleitoral que afastou Lula, arbitraria e ilegalmente das eleições), e seus ataques contra os trabalhadores, como a reforma da Previdência que quer roubar mais de R$ 1 trilhão de dezenas de milhões de trabalhadores, para distribuir aos banqueiros e outros parasitas que nada produzem, não investem, demitem e não trabalham, e não se opõem à destruição da economia nacional em favor dos tubarões capitalistas internacionais.

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