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Polêmica com Ricardo Cappelli

Lula, uma solução para os trabalhadores e um problema para a burguesia

Em coluna publicada pelo portal Brasil 247, Ricardo Capelli afirmou que o PT seria uma solução e um problema ao mesmo tempo.

Ainda em meio à comemoração dos 40 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), um texto de Ricardo Cappelli, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), publicado pelo portal Brasil 247, veio se somar aos ataques feitos por Tarso Genro e a ala direita do PT a Lula e alas mais esquerdistas do partido. Segundo o artigo, intitulado 40 anos: o paradoxo PT, a ala lulista do partido seria tanto uma solução quanto um problema para o país.

Em vários momentos, Cappeli busca confundir o leitor, indicando que o PT seria um tanto um partido que parte para a luta política, como procura alianças com a direita, e que o “segredo” de seu sucesso seria justamente a junção dessas duas políticas:

Vítima de uma perseguição inaceitável, Lula merece todo respeito, apoio e solidariedade. As dores compreensíveis do cárcere e dos processos infames parecem ter empurrado o líder para o canto do ringue. O PT parece estar voltando às origens.

Em 1989, Lula recusou conversar com o PMDB no segundo turno. Em 1994, o PT aprovou a resolução “Fora Itamar – Itamar é igual a Collor”. Segundo Zé Dirceu em seu livro de memórias, um dos graves erros que determinou a vitória de FHC.

(…)

Foi justamente a ascensão de uma visão política mais ampla que levou o partido ao poder. Não foi fácil. Na véspera do encontro partidário que selou a aliança com o liberal José Alencar, o petista Patrus Ananias, opção para a vice, ficou de sobreaviso. Existia o receio de que o nome do mineiro preferido não fosse aprovado pelos correligionários.

(…)

O partido jamais ganhou uma eleição nacional com uma política estreita. Em sua história, nunca apoiou um nome de outra legenda.

É muito difícil a construção de uma saída progressista para o Brasil sem o apoio de Lula. Com grande força e lastro social, o maior partido do Brasil é, ao mesmo tempo, solução e problema.

Um verdadeiro paradoxo.

A verdade é que, diferentemente do que tenta mostrar Capelli, os feitos alcançados pelo PT ao longo de seus 40 anos não são consequência dessa combinação entre uma política combativa, entre um partido que se apresente como um partido dos trabalhadores, e um partido que busque um acordo com a direita.

Sob a forma disfarçada de “paradoxo”, Cappelli está fazendo uma defesa da frente ampla — isto é, uma frente entre os trabalhadores e a burguesia. É a mesma frente que Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, tem defendido para justificar uma aliança com o global Luciano Huck e o tucano Fernando Henrique Cardoso, entre outros golpistas.

Esse tipo de frente, no entanto, não serve, sob nenhum aspecto, para os trabalhadores. A aliança com outros setores — isto é, uma aliança com a direita — é uma aliança com os próprios elementos que articularam o golpe de Estado de 2016 e que apoiaram Jair Bolsonaro no segundo turno. São os mesmos políticos que foram responsáveis por aplicar a política neoliberal nos anos anteriores e são odiados pela população. São representantes diretos da burguesia e, portanto, não hesitarão em atacar os trabalhadores em seu favor.

Por isso, é preciso ter um programa que se oponha frontalmente à política de colaboração de classes. É preciso organizar uma frente única de trabalhadores, totalmente independente da burguesia, para lutar contra a direita golpista e pela derrubada imediata do governo Bolsonaro.

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