“Lutar contra o golpe não é eficiente”: Flávio Dino capitula para o bolsonarismo

Em meio à crise em que se encontra o PCdoB após a decisão de sua comissão executiva nacional pelo apoio ao golpista Rodrigo Maia, o governador do Maranhão Flávio Dino concedeu uma entrevista ao Jornal do Brasil para defender que seu partido esqueça o golpe de Estado e caminhe de mãos dadas com a extrema-direita. Defendendo ferrenhamente o apoio a Rodrigo Maia, Dino refletiu, na entrevista, o deslocamento dos setores carreiristas da esquerda nacional em direção ao bolsonarismo.

Segundo Flávio Dino, Rodrigo Maia é um exemplo de deputado “democrático”, que não seria capaz de obstaculizar a atuação de uma oposição ao governo Bolsonaro. Disse ele: “o que a gente busca é um presidente que respeite a minoria, garanta os espaços para que a oposição possa exercer o trabalho parlamentar. Até aqui o Rodrigo Maia tem se comportado muito bem nesse aspecto, não tem sido um presidente que atropela como o Eduardo Cunha fazia. Como ele tem sido correto na condução da Casa, achamos que ele deve continuar”.

Rodrigo Maia não é nenhuma garantia de respeito a qualquer liberdade democrática. Maia foi o presidente da Câmara dos Deputados durante praticamente todo o governo Temer, sendo um ponto de apoio fundamental dos golpistas para levar adiante a agenda de ataques contra a população. Como se isso não bastasse, Rodrigo Maia é filiado ao DEM, que é o partido da ditadura militar de 1964-1985 e se tornou um importante abrigo de setores da extrema-direita nacional.

Outra questão grandiosamente problemática na fala de Dino é a comparação entre Rodrigo Maia e Eduardo Cunha. Ambos foram instrumentos do golpe de Estado – não há nenhum espírito democrático que torne Maia superior a Cunha. Na verdade, o fato de que Eduardo Cunha teria realizado uma série de manobras que Maia não realizou só mostra que o acordo entre os partidos da burguesia já se encontra muito mais evoluído do que há dois anos. Isto é, se Maia não realiza manobras, é porque a Câmara dos Deputados está completamente a reboque dos interesses da direita.

Embora o apoio a Rodrigo Maia por parte de uma organização de esquerda seja espantoso, esta decisão do PCdoB é apenas um aspecto de uma determinada política de submissão ao imperialismo. No meio da entrevista, Dino afirmou: “ele defende privatizações e nós temos uma posição mais restritiva”. Ou seja, em vez de Flávio Dino levantar um verdadeiro programa para a classe operária, que se coloque claramente contra a entrega do país para os norte-americanos, o governador maranhense sequer afirma ser contra as privatizações.

Na entrevista concedida ao Jornal do Brasil, Dino deixa claro que é a favor de “virar a página do golpe”. Segundo ele, “fui contra o impeachment, mas aí você vai ficar preso eternamente naquele dia, vai congelar as relações políticas a um evento? Se [a esquerda] congela a fotografia daquele dia, sempre vamos perder, naquele dia nos perdemos fragorosamente, não conseguimos fazer um terço. Se você não quer ficar no canto do ringue, não quer ficar isolado no gueto, tem que dialogar com os diferentes e até com os contrários”.

É nesse trecho que se encontra o fundamento do apoio do PCdoB a Rodrigo Maia. A burocracia que dirige o partido, que conta com o próprio Flávio Dino, quer abandonar qualquer perspectiva de luta contra o golpe e partir para uma política de adaptação ao regime político. Tal adaptação seria, basicamente, apoiar toda a política da extrema-direita, porém com alguma demagogia esquerdista.

Para tentar justificar o injustificável, Dino levanta uma interpretação completamente aloprada das eleições de 2018. Para ele, Fernando Haddad cresceu no segundo turno por causa das desastrosas alianças do PT com setores da direita. O que Dino não explica, contudo, é por que Lula tinha mais da metade dos votos válidos sem apoio algum da direita.

A interpretação infantil dos acontecimentos da última eleição é utilizada para que Dino apresente sua proposta de uma frente o mais ampla possível. Uma frente que permite a esquerda ficar completamente a reboque da direita e, por consequência, a reboque do bolsonarismo. Em uma frase, Dino resumiu bem qual é a sua política – uma política que muda rapidamente de acordo com seus interesses: “não se pode ficar eternamente numa ação política puramente reativa, pode ser até “charmoso”, mas não é eficiente, não produz resultados em relação àquilo que representamos”.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.