Em entrevista ao jornal O Globo, o médico urologista e professor da USP, Miguel Srougi — que, inclusive, fez intensa campanha para retirar recursos e acabar com o SUS, contra o governo cubano, para acabar com o programa Mais Médicos e chegou a ser cotado para ser ministro da saúde do governo Temer e secretário da saúde de João Doria —, afirma:
“Eles [os pobres] vão morrer nas portas dos hospitais, não vão conseguir entrar, muito menos receber um tubo para respirar e sobreviver à pneumonia. O pobre vai morrer na calçada.”
“Estas medidas de fazer o chamado lockdown [a quarentena] não impedem o vírus de se difundir, ela apenas achata a curva dos casos, ela continua lentamente, e isso permite que o sistema de saúde vá se readequando e dando apoio aos doentes. Mas estas medidas não curam a pandemia, que só vai ser resolvida quando descobrirem remédio ou vacina. O Brasil pôde assistir ao que ocorria na China e na Itália, e perdeu tempo de se preparar, por exemplo, transformando fábricas para fazer respiradores.”
“O presidente, de forma incompetente e imoral, menosprezou a gravidade da pandemia, julgou que com palavras poderia desviar a atenção popular e impedir uma constatação óbvia: a ruína da assistência médica no Brasil, principalmente a dos mais necessitados. Os grupos mais bem posicionados socialmente vão sobreviver, pois têm mecanismos de defesa mais fortes.”
A falta de uma política real de combate à doença vai levar ao um verdadeiro genocídio da população pobre. A parcela do povo que ainda possui um emprego precisa continuar trabalhando para conseguir sobreviver, as pessoas que conseguem trabalhar de casa e fazer a quarentena são apenas uma pequena parte da população e os moradores de rua sequer têm um local para isso.
Enquanto os hospitais públicos ficam abarrotados de gente, os privados são reservados para uma meia dúzia de privilegiados e a população morre na calçada, e até elementos da burguesia ligados a direita tradicional reconhecem isso.