Da redação – A Polícia Militar mostra mais uma vez em sua história que é uma corporação de assassinos e torturadores a serviço da burguesia contra o povo trabalhador. Desta vez, superando todos os níveis do absurdo, o tenente Djalma dos Santos Araújo, acusado dia 16 de fevereiro de 2004 e condenado por tortura, após 15 anos de demissão, é recontratado e, pasmem, promovido a capitão.
Poderíamos acabar a matéria por aqui, devido ao fato falar por si. Porém, é preciso demonstrar quem são esses verdadeiros monstros que a corporação genocida coloca em suas fileiras. E mais, explicitar como o golpe de Estado, aprofundado na eleição fraudulenta de um fascista, Jair Bolsonaro, está modificando drástica e rapidamente o país.
Na época do ocorrido, um morador contou que os policiais que acompanhavam Djalma na operação colocaram um saco plástico na cabeça de Nelson Souza dos Santos, de 31 anos, utilizando de outras práticas, típicas da Ditadura Militar de 1964, como: choques elétricos, mutilação de dedos, mamilos e lábios por alicates, e, por fim, empalando-o com uma vassoura.
Todos foram condenados, porém, Djalma continuou livre para suas atividades criminosas, como a direita gosta de ver os seus “heróis” torturadores. O Conselho de Justificação da Polícia Militar, que conduz o processo administrativo para expulsão, foi instaurado logo depois do crime. Em dezembro de 2005 a própria Secretaria de Segurança encaminhou ao Tribunal de Justiça — órgão responsável pela decisão do conselho — um primeiro parecer do conselho recomendando a demissão do oficial, estendendo o filme de terror da família que se sentia ameaçada com o criminoso nas ruas. Aqui vale lembrar o caso relâmpago do julgamento político e fraudulento de Lula, sem provas, sem respeito ao Trânsito em Julgado e, diferente do assassino da PM, não se estendeu por cinco anos.
Os desembargadores da Seção Criminal do tribunal do Rio, após o caso não ter mais como ser engavetado, por conta da visão pública, das denúncias da família, das declarações de testemunhas, julgaram Djalma como “indigno ao oficialato”. O tenente, como um bom fascista, recorreu e perdeu todos os recursos possíveis até 2014 em todas as instâncias.
Apenas em 2015, sua demissão foi finalmente assinada pelo governador Luiz Fernando Pezão.
Aproveitando que o estado burguês tentou muito salvar sua pele, o torturador entrou com um mandado de segurança contra o próprio estado, argumentando que seu Conselho de Justificação durou mais tempo do que o permitido pela lei, que sustenta apenas a duração de 6 anos.
Em maio de 2016, os desembargadores, típicos direitistas, do Órgão Especial do TJ, por unanimidade, determinaram que Djalma fosse reintegrado para a vida de crime na corporação.
Aproveitando o clima de golpe de Estado, Djalma, que deve ter articulado muito bem com os amigos da estrutura fascista, procurou amigos de turma que eram majores para conseguir uma promoção. Afinal, porque um torturador sanguinário não poderia ser um capitão a serviço do bem-estar do povo?
Djalma alegou que amargou a sentença, que parou no tempo, e assim, que “a reintegração não ocorreu de forma plena”. Em outubro de 2018, o então presidente do Tribunal de Justiça, Milton Fernandes de Souza, lhe concede a o prêmio pelos serviços prestados à burguesia: “promoções são consectários lógicos decorrentes de sua reintegração”; e no dia 10 de dezembro, o Diário Oficial estampou a promoção do capitão do mato “pelo critério de antiguidade”.
Está aqui o relato mais claro de como funcionam as organizações de repressão da Burguesia dentro da luta de classes. Por isso é preciso criar comitês de luta contra o golpe, de autodefesa, e por isso o programa político do PCO defende a criação de milícias dos trabalhadores, o armamento da classe operária e camponesa.