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Balanço da greve da PM-CE

PM não pode fazer greve, só pode massacrar o povo

Durante a greve da Polícia Militar no Ceará, a burguesia utilizou a impopularidade da polícia para atacar o direito de greve e fortalecer o aparato de repressão do Estado.

A greve dos policiais militares no estado do Ceará foi, até o momento, um dos acontecimentos mais importantes para a política nacional no ano de 2020. A paralisação dos agentes, que durou 13 dias, foi fortemente criticada pela imprensa burguesa, chegou a ser atacada violentamente por um senador da República e trouxe à tona uma série de polêmicas importantes para a luta dos trabalhadores de conjunto contra o governo Bolsonaro. Uma das coisas que mais chamou a atenção à época foi a convergência entre as análises da esquerda pequeno-burguesa, da qual se espera uma posição progressista, e a reacionária imprensa burguesa.

Greve ou motim?

De maneira cartelizada, toda a imprensa burguesa decidiu chamar a greve dos policiais militares de “motim”. Conforme pode ser visto abaixo, os três principais veículos da imprensa burguesa — Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo — utilizam esse termo:

Com fim de motim, quartéis são desocupados, e policiais voltam às ruas do Ceará (Folha de S. Paulo, 02/03/2020)

Após motim, governador do Ceará cobra combate à ‘partidarização da polícia’ (O Globo, 02/03/2020)

Com motim de policiais militares, Ceará tem fevereiro mais violento em cinco anos (Estado de S. Paulo, 02/03/2020)

Chamar a mobilização dos policias de motim revela um interesse muito bem definido por parte da burguesia. Se a mobilização é um motim, ela não seria, portanto, uma greve — e, dessa maneira, não mereceria ser apoiada por nenhum setor da população. O fundamento para tal seria a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu que os agentes da repressão pudessem organizar qualquer tipo de movimento grevista.

Em primeiro lugar, é preciso levar em consideração que nenhuma lei formulada pelo STF é democrática; afinal, o papel do Judiciário não seria o de criar leis, uma vez que é um órgão desprovido de qualquer controle popular. E mesmo que a lei fosse constitucional, ainda assim seria antidemocrática, uma vez que qualquer categoria deveria ter o direito de entrar em greve quando entende que seus direitos não estão sendo cumpridos. Não haveria, portanto, motivo algum para fazer coro junto à imprensa golpista, chamando os policiais de amotinados.

Se, em último caso, não fosse uma greve, mas sim um motim, que é definido como uma insurreição contra uma autoridade instituída, frequentemente violenta, também não haveria motivo para se opor à mobilização. Qualquer categoria que é explorada pelos seus superiores tem o direito de se impor, da maneira que for possível, para conquistar suas reivindicações. Isto é, se um grupo de metalúrgicos, autorizado por uma assembleia, decidisse tocar fogo em uma fábrica em protesto contra as demissões na categoria, seria mais do que legítimo.

Paraisópolis e Ceará, dois pesos e duas medidas

Um tratamento muito diferente é dado à PM no caso relativo ao massacre de Paraisópolis, quando nove mortos foram trucidados pelos agentes da repressão. Nas matérias, a mesma imprensa burguesa mal menciona o papel da PM no massacre:

Laudos apontam que jovens mortos em Paraisópolis tiveram traumas condizentes com pisoteamento (Folha de S. Paulo, 13/12/2019)

Nove pessoas morrem pisoteadas durante baile funk em Paraisópolis (Estado de S. Paulo, 01/12/2019)

Nesses casos, fica óbvio então que a imprensa burguesa não é contra a Polícia Militar, mas sim contra a greve dos policiais, que é feita, em geral, por baixas patentes e movida por questões econômicas, o que conflita diretamente com a política neoliberal. Ao mesmo tempo, ataca a greve também para criar condições para atacar qualquer tipo de greve, inclusive as organizadas pelo movimento operário.

No que é mais fundamental, isto é, que a polícia é uma máquina assassina criada para reprimir a população, a imprensa não dá um pio.

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