Para quem ainda tinha dúvidas sobre o caráter ditatorial do atual regime político no Brasil, um episódio ocorrido na semana passada envolvendo a Polícia Militar do estado de Goiás serve para ilustrar com clareza essa questão.
Na cidade de Calda Novas (GO), um grupo de pessoas se mobilizou para a confecção de duas faixas que seriam estendidas em protesto a Bolsonaro durante uma visita que ele iria fazer ao município para inaugurar uma usina fotovoltaica.
Uma das faixas se queixava da alta dos preços de itens de necessidades básicas como combustíveis e arroz, enquanto a outra questionava o presidente ilegítimo acerca do depósito de Queiroz de R$89 mil na conta da primeira-dama.
Ao ver a mobilização na internet, dois policiais militares foram ao ateliê onde eram feitas as faixas, no bairro Olegário. Os policiais sequestraram o proprietário do local, obrigando-o a entrar na viatura, que foi levada até a casa do pintor que havia confeccionado as faixas.
A viatura ficou parada em frente à casa do pintor, com as lâmpadas ligadas por mais de uma hora. Ela apenas foi embora quando convenceram o pintor a telefonar para o organizador do protesto. No telefonema, disseram que ele estaria cometendo crime contra a honra ao pendurar as faixas, e que o intimidavam sob ordens da Abin e da Polícia Federal. Mesmo com essa intimidação ilegal, os manifestantes estenderam as duas faixas no sábado (29), durante a visita de Bolsonaro, que ocorreu sem incidentes.
Todo o episódio dá uma clara demonstração de como, no Brasil, não existe mais o direito de livre-expressão. É preciso salientar que toda a intimidação ocorreu antes mesmo da faixa ser pendurada. Os policiais, que estão sob o comando do governador Ronaldo Caiado (DEM), conhecido elemento ligado aos latifundiários escravagistas e aliado de Bolsonaro, foram intimidar cidadãos por simplesmente estarem produzindo uma faixa.
Na prática, o Brasil vive atualmente uma ditadura. Temos uma polícia, bolsonarista até a medula, que persegue a população quando esta se coloca contra o governo de extrema-direita. A ação de ir até a casa de ativistas para proibi-los de realizar um protesto lembra muito a forma procedimentos do governo militar que governou o país entre 1964 e 1985. Foi um claro caso de perseguição política contra opositores do regime.
Contra isso, a esquerda deve reagir e procurar mobilizar a população para sair às ruas e exigir o “Fora Bolsonaro!”. Apenas com a derrubada do governo golpista de conjunto, pode-se combater a ditadura que se instaura a cada dia e que procura estrangular e impedir a população do país de se manifestar livremente.