Foi levado até à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta terça-feira (12/11/19), uma denúncia de que uma professora foi intimidada por um policial militar dentro da sala de aula no Centro Educacional 7 da Ceilândia, no Distrito Federal.
Segundo a denúncia, um Policial Militar entrou numa sala de aula para entregar advertências sem autorização da professora, que dava aula naquele momento. Quando a professora pediu que o policial se retirasse da sala de aula, o mesmo se recusou a sair e desrespeitou a professora, discutindo com a professora na frente dos alunos e dizendo que ela não manda na sala de aula.
A denúncia foi acompanhada de um áudio onde é possível escutar parte da discussão entre a professora e o militar.
Veja a transcrição do áudio:
Professora: Alguém da direção, por favor, pode vir na sala do 9º D? O sargento Policarpo está me desautorizando na frente da turma toda. Dizendo que eu não tenho autoridade sobre esta sala.
Ele entrou para fazer advertências indevidas durante o meu período de aulas. Então, esse senhor está andando na minha sala, acabou de me desautorizar perante a minha turma e isso é inadmissível.
Eu falei para ele que a turma é minha, a sala é minha enquanto eu estiver aqui dentro. Ele está sorrindo, fazendo chacotas, sendo irônico. Então, por favor…e pedi para ele sair da sala.
PM: Não, a senhora mandou eu sair da sala.
Professora: Sim, eu mandei você sair da sala.
PM: A senhora não tem autoridade para mandar eu sair da sala.
Professora: Eu tenho autoridade sim, a sala de aula é minha, eu tenho autoridade senhor Policarpo.
Após a denúncia, a Secretaria de Educação do DF informou que, “em relação aos acontecimentos ocorridos nesta segunda-feira (12), no CED 7 de Ceilândia, irá apurar os fatos para então se manifestar”. Já a Polícia Militar disse que “todas as partes serão ouvidas e os fatos serão analisados pela corporação para esclarecer o ocorrido no Centro Educacional 07”.
O Sindicato dos Professores do DF (Simpro-DF) divulgou uma nota sobre o caso. Segundo a entidade, “é lamentável o que aconteceu no CED 07 de Ceilândia dentro de uma sala de aula. Uma violência extrema com a professora na presença dos alunos no seu local de trabalho”.
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) afirmou que “policiais estão sendo destinados para as escolas do DF sem qualquer preparo para atuação em ambiente escolar”.
Entretanto, não se trata de falta de preparo do policial envolvido no caso ou da corporação. A Polícia Militar não tem qualquer compatibilidade com o ambiente escolar, pois é uma instituição para a repressão e o assassinato dos trabalhadores, pobre e negros. A criação de escolas militarizadas é uma iniciativa fascista para controlar e intimidar professores e alunos. Não há qualquer objetivo pedagógico. Mas sim, a necessidade do Estado capitalista em crise de, ao mesmo tempo, destruir os direitos dos trabalhadores, como o ensino público, e controlar a reação da comunidade escolar.
A discussão entre o PM e a professora evidencia a política ativa para intimidar e desmoralizar os professores e alunos dentro da escola para impedir que a categoria do magistério e os secundaristas possam ter um papel ativo na mobilização contra a destruição dos direitos sociais como a educação.
É preciso denunciar e mobilizar as escolas e comunidades para acabar com as escolas militarizadas e o fascismo dentro do ambiente escolar.