Com a chegada da pandemia em 2020, o aumento da crise política e econômica brasileira e a decadência do capitalismo a nível mundial, a repressão para com a população por parte da burguesia tem se intensificado. Um dos exemplos que podemos citar dentre muitos é a Cracolândia, região de intenso consumo e comercialização de drogas, que fica situado na região central da capital Paulista.
Passam por ali cerca de 2.000 pessoas diariamente. Mais recentemente, o conflito entre os vendedores de droga e a Polícia Civil tem se intensificado. Segundo relatos dos próprios usuários, policiais têm aumentado a extorsão.
Teria sido esse o motivo dos disparos contra uma viatura no dia 3 de junho, feriado de Corpus Christi. Recebidos com tiros e pedras, os agentes pediram reforço da GCM e da PM. A ação terminou com fechamento de um terminal de ônibus e o desvio de 28 linhas do transporte coletivo.
Em setembro do ano passado, vídeos que circulavam nas redes mostravam a reação da população da Cracolândia à violência policial, os moradores lançaram fogos de artifício sobre uma base da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. A Polícia respondeu usando bombas de efeito moral contra os moradores da localidade.
Outra filmagem feita por moradores da área mostram a agressão de um homem sendo feita por três guardas civis. O homem, como observado no vídeo, se encontra desarmado e dominado, mesmo assim continua sendo agredido com chutes e socos de forma covarde.
Os fatos são reflexo da política do PSDB em relação às pessoas que vivem na região. Desde que assumiu o governo do Estado, João Doria vem tentando “limpar a área” já que esta se encontra no centro da cidade e tem um grande interesse econômico do setor imobiliário. Para cumprir com a ação, Doria vem utilizando incursões extremamente violentas na Cracolândia com auxílio da corporação fascista da polícia de São Paulo, além de chegar a propor internações compulsórias.
A repressão ao consumo de drogas é apresentada pela direita como sendo um problema moral e uma medida contra a criminalidade. Trata-se, entretanto, de uma política repressiva que traz como resultado tão somente o aumento do encarceramento da população pobre.
Em nome do combate às drogas, os governos intensificam mecanismos de controle sobre a juventude e contra a população negra e o conjunto da população de uma forma geral. A repressão, ao contrário do que é vinculado pelos defensores de medidas mais repressivas, tem como efeito aumentar a violência, e por consequência ampliando o encarceramento.
É preciso lutar pela legalização de todas as drogas. Após séculos de políticas repressivas e ataques diretos contra a população, ficou comprovado que a guerra às drogas serviu sempre como subterfúgio para que a burguesia implantasse um regime de terror contra a população, através do judiciário e do aparato repressivo do Estado, como é o caso das polícias, que constantemente promovem chacinas a exemplo da recente acontecida no Jacarezinho que teve como pretexto o combate as drogas.
Como declarou certa vez o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), companheiro Rui Costa Pimenta, em um debate na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo (USP): “Esses motivos nos levam a colocar o problema de que é necessário lutar para eliminar esse crime artificial, um crime inventado. É um crime que não é crime. É um crime como a prostituição, apenas um problema moral transformado em legislação.”
“Nós consideramos que o problema do uso de drogas, ao contrário do que a ideologia conservadora procura apresentar, é um problema de cada um, não é um problema moral. Também não é um problema de saúde. É um problema de cada pessoa, não é o estado que tem que determinar o que cada um deve fazer ou deve pensar”, concluiu o companheiro, resumindo a posição do Partido sobre o tema.
É uma luta vital para a juventude e para os negros a luta pela legalização de todas as drogas. Uma luta democrática que, além de representar um direito individual, abre o caminho também para a extinção das forças de repressão do Estado burguês, que se sustentam em grande medida por meio de pretextos como a famigerada “guerra às drogas”.