A população do Amapá saiu às ruas para protestar contra a falta de energia que atingiu o estado na terça-feira (03), após uma explosão seguida de incêndio. Após uma tempestade em Macapá, três transformadores foram atingidos. As causa são desconhecidas, mas se especula que um raio teria causado o problema.
Segundo o portal G1, a Polícia Militar atendeu 22 manifestações. Nelas, a população tem reagido com pneus queimados e vias interrompidas tanto Macapá como na cidade de Santana – as maiores do estado e que concentram 80% da população.
O sistema elétrico do Macapá é operado pela concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), que é controlada pela espanhola Isolux Energia e Participações S.A. Desde a privatização diversas cidades têm ficado sem luz durante horas e às vezes dias.
Quem tem recuperado e tentado minimizar a situação é a estatal EletronoNorte, subsidiária da Eletrobrás, que – enquanto Bolsonaro e Paulo Guedes não privatizam – é estatal.
A situação demonstra o quanto demandas essenciais da população não devem ficar nas mãos de empresas privadas, que buscam somente dar lucros a seus acionistas, como é o caso da empresa Isolux. A segurança do povo, em questões essenciais, deve ser atendidas pela gestão pública.
Fica claro a falta de infraestrutura por parte da concessionária, e o quão nocivo é deixar nas mãos de uma empresa que não irá desembolsar dinheiro para investir no sistema e garantir uma mínima segurança à população.
Na região faltam alimentos. Muitos deles devido à refrigeração. Agricultores têm lamentado também o desabastecimento de água. Faltam ainda internet, serviços de telefonia, o sistema bancário foi suspenso e falta combustível nos postos.
Para garantir que os protestos sejam controlados, de uma população que está à beira do desespero com toda a privação de quesitos básicos de sobrevivência, o poder público tem intensificado a repressão nos protestos e tentando evitar que eles ocorram.
“Trabalhador, só estou reivindicando meu direito, da minha família, tenho dois filhos autistas. Preciso de água e energia, tenho minha família e o que aconteceu? Fui alvejado por bala da polícia”, declarou em vídeo que repercutiu nas redes sociais, conforme o G1.
Demandas essenciais para o desenvolvimento e independência do País e que ainda envolve a segurança da população só podem ser atendidos pela gestão pública.
Em outra declaração, desta vez nas rede sociais, uma moradora faz o seguinte relato:
“Aqui o cenário é de guerra.
2020 e o AMAPÁ em protesto por água e energia.
O Amapá é banhado pelo maior rio de água doce do mundo, Rio Amazonas.
E não temos água potável.
O Amapá tem 5 hidrelétricas que fornecem energia pra fora do País.
E não temos para-raio e pagamos uma energia absurdamente cara.
O Amapá fica localizado exatamente no meio do mundo e somos tratados como se fosse o fim do mundo.
Eu não tenho mais palavras.
Na foto é a comunidade Casa Grande fazendo protesto de 5 dias sem energia.”
É preciso que a população se organize contra a repressão policial e exija a imediata restituição do atendimento de energia em todas as cidades prejudicadas pelo sistema de privatização que ataca um direitos básico da população.