Os negros no país compõem 56% da população, 75% entre os mais pobres, 28% entre ricos, segundo pesquisa de 2018 do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE).
Diante da epidemia mundial da crise do coronavírus e sem deixar de mencionar a crise do capitalismo que se desgasta desde a última recessão de 2008 e promete uma por vir ainda pior que a de 1929.
Todos esses fatores fazem com que a população negra se encontre ainda mais vulnerável nesta situação. Em meio ao caos da crise, muitos setores da esquerda burguesa e pequeno-burguesa encontram dificuldades para formular propostas de luta.
É o caso do Grupo Temático Racismo e Saúde (GT Racismo/Abrasco) que destacou 12 pontos para reduzir impactos negativos da covid-19 em grupos vulnerabilizados. Entre as propostas, destacamos algumas que chamam a atenção:
1. Estabelecer um novo pacto social no qual TODAS AS PESSOAS possam viver com dignidade;
2. Reconhecer a importância e a necessidade do SUS para contenção da Covid-19;
3. Aportar recursos para o pleno funcionamento do SUS, em todas as suas instâncias de formulação, planejamento e gestão de políticas, financiamento, regulação, coordenação, controle e avaliação (do sistema/redes e dos prestadores, públicos ou privados) e prestação direta de serviços;
Primeiramente, é preciso explicar que não existe pacto social no capitalismo.
Para que toda a população possa viver com dignidade, somente com a queda do atual regime de exploração.
Da mesma forma, não há como falar em fortalecer o SUS sem um plano de estatização total do sistema de saúde. Os capitalistas não vão abrir o bolso pra ajudar o povo, não adianta ter ilusões.
Nesse sentido, também destacamos a ingenuidade do seguinte ponto:
12. Convocar e engajar instituições e pessoas de alta renda, para financiar ações de curto, médio e longo prazos voltados para estes grupos.
O que chama mais a atenção é esta: o financiamento da burguesia aos negros. É o que querem os identitários. Ou seja, querem que o movimento negro e a população negra fique à reboque da burguesia, sem nenhuma independência, justamente a reboque daqueles que sempre o exploraram e continuarão explorando.
Para que o povo negro não seja ainda mais massacrado e tenha suas reivindicações atendidas, é preciso organizar um grande movimento que se oponha ao regime político golpista.
É preciso, portanto, derrubar Bolsonaro, anular todos os retrocessos que vêm ocorrendo desde 2016 e novas eleições.