O governador de São Paulo João Doria (PSDB) empenha esforços para transmitir a imagem de que a pandemia no estado está sob controle. Entretanto, o fato é que a relativa estabilidade alcançada se deu em um patamar elevadíssimo. Graças a ausência quase total de medidas efetivas, o estado mais rico da federação completou 90 dias consecutivos com a média acima de 200 mortes diárias.
Desde o início da pandemia, o tratamento ofertado pelo governo tucano e pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro foi muito aquém do mínimo necessário. Optaram por não testar a população de forma massiva e por não racionar as forças produtivas, de modo a garantir que o maior número de pessoas permanecesse em casa. No momento seguinte, passaram a forçar a reabertura da economia em resposta à pressão dos capitalistas. A diretriz da direita foi bem elucidada por Fernando Gomes, prefeito da cidade baiana de Itabuna, que no início de Julho havia decretado a reabertura do comércio, à base do “morra quem morrer”.
Valendo-se da chancela de governador “científico” conferida pela imprensa burguesa, Doria criou meios de mascarar seu “morra quem morrer” com números e tabelas. Um questionável sistema de cores foi criado para classificar cidades e regiões. E, desde a última semana, não há mais cidades na classificação “vermelha”. Isso implica dizer que, no momento mais grave da pandemia, não há cidades em estado gravíssimo.
Ancorado nessa manobra, Doria autorizou a reabertura de grande parte do comércio, incluindo bares, além de Fóruns e setores da administração pública. A reabertura de escolas públicas e privadas só não foi realizada por conta da intensa luta travada pelo setor. A testagem em massa e o auxílio à população da periferia (principal vítima da doença) são possibilidades cada vez mais distantes.
Sob a mesma perspectiva, até mesmo uma possível vacinação foi descartada pelo infectologista Marcos Boulos, do Comitê reponsável por lidar com a pandemia no Estado de São Paulo. Afirmando que o coronavírus “varreu e não voltou mais”, o médico usou a experiência de países com condições de infraestrutura sanitária muito superiores à nossa para setenciar: “não precisaremos de vacina”.
São Paulo alcançou a marca de 29.194 mortos. Isso tudo tomando por base apenas os números oficiais – sabidamente destorcidos pela subnotificação. Provavelmente, a quantidade real de mortes causadas pela negligência genocida dos governos de direita nunca seja calculada. Por isso, mais do que nunca, o Fora Bolsonaro e Fora Doria são as palavras de ordem que devem guiar os passos das forças progressistas e de toda a esquerda nacional que busca salvar vidas.