Na manhã desta terça-feira (18) pistoleiros atacaram famílias de camponeses de um pré-assentamento a 290 quilômetros de Porto Velho, capital do estado de Rondônia. O ataque foi feito por um grupo de homens armados numa área localizada entre os distritos de União Bandeirantes e a zona rural de Nova Mamoré, de acordo com a página da internet Gente de Opinião. A área ocupada pelos camponeses pertence à União. 113 famílias aguardam decisão definitiva do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) desde 2014.
Dez homens armados e encapuzados vieram em caminhonetes e dispararam com armas de grosso calibre contra as famílias, homens, mulheres e crianças do Pré-Assentamento Dois Amigos. Não houve mortos, mas, segundo agricultores da região, foram destruídas várias benfeitorias existentes e danificadas cercas e arames.
Viaturas policiais foram vistas rondando a área. Há suspeitas de envolvimento de policiais militares na agressão. Em 25 de julho de 2018 houve um conflito na região entre jagunços e acampados, quando então morreram dois jovens e um sargento da PM de Guarajá-Mirim, João Batista da Costa. Apesar de não haver confirmação sobre quem matou o PM, em Nova Mamoré a voz corrente é de que o atual ataque tenha sido motivado por vingança.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Rondônia tem recebido diversas denúncias de ações clandestinas de jagunços da fazenda de Jorge Bispo que ameaçam os camponeses da região. Segundo a CPT, é comum que tais jagunços, fortemente armados, sejam vistos rondando a área e passando em frente à casa dos pré-assentados nas terras da União. “Embriagados, eles atiçam animais, espantando o gado nos currais, embriagados, sempre gritando que têm autorização para matar, que são ex-presidiários e não têm medo de nada, nem de matar ninguém”, assinala a CPT.
O advogado Manoel Rivaldo Araújo revelou à Gente de Opinião que “um agricultor de nome de Domingos me informou que, após o atentado, as famílias estão acuadas no local, muitas correram para dentro da floresta para não sofrer danos em sua integridade física”. Ele denunciou o ataque às famílias ao Ministério Público Federal, à Superintendência Regional do Incra, Secretaria de Justiça, Segurança e Cidadania, Ouvidoria Agrária, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Comissão Pastoral da Terra, entre outros órgãos.
Essas ações de latifundiários contra assentamentos de camponeses sem-terra em áreas de domínio da União visam, na maioria das vezes, a expulsão dos pré-assentados para se apoderarem dessas terras de forma fraudulenta através de processos conhecidos como grilagem, por via da falsificação de documentos de propriedade.