Em sua maior crise até então, o governo de Sebastian Piñera segue reprimindo os protestos no Chile. Já são 20 pessoas assassinadas pelas forças de repressão (em contagem oficial, o que provavelmente está subestimado), 1.132 feridos (38 por bala de fogo) e mais de 1.500 detidos. Para conter a crise, Piñera demitiu todos os seus ministros e chamou todos os partidos a um acordo nacional para acabar com as mobilizações.
Nesta terça (29), relatório da Defensoria da Infância do Chile denunciou que até o último dia 26, policiais ou militares chilenos violaram o direito de mais de 283 crianças, através de prisões (240 crianças) e ferimentos ou maus tratos (a outras 43) durante os protestos no Chile. Crianças e adolescentes sob a tutela do Estado, moradores de rua ou em comunidades onde ocorreram as situações mais graves de exercício abusivo de violência criminal, policial e militar.
Explosão social mais grave no Chile desde os últimos 30 anos, desde o fim da ditadura de Pinochet (1973-1990), os protestos ocorrem principalmente na capital Santiago, além de Valparaíso e outras 11 regiões onde o governo decretou estado de emergência na última semana. Apesar das tentativas de Piñera em acalmar os ânimos, na última segunda novos protestos e repressão ocorreram.
Tal como Lênin Moreno, no Equador, Piñera está tentando entregar alguns anéis para manter os dedos. A demissão dos seus ministros e o chamado a todos os partidos é a expressão desta tentativa de se manter no poder para manter o regime política tal como está. Por isso Piñera precisa dos partidos de oposição, da esquerda, precisa reconstruir o centro política que se desmanchou com a polarização política expressa nos protestos.
Para evitar o que ocorreu no Equador, onde o governo conseguiu fazer o acordo e desmobilizar as grandes manifestações, o único caminha é intensificar a mobilização no Chile, rumo à derrubada do governo golpista de Piñera. A medida que a mobilização cresce, o governo tem dificuldade em reprimi-la, a tentativa de acordo é um recuo do governo, logo, um momento oportuno para a esquerda e os trabalhadores avançarem.