O PIB per capita, que é toda produção brasileira de um ano dividido pelo número de pessoas que habitam o território nacional, vem degringolando totalmente. Os dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que se, e somente se, a economia nacional voltasse a se desenvolver minimamente, o País estaria estabilizado, com um PIB próximo ao de 2013, apenas em 2030. Isto é, uma perspectiva não tão no horizonte se apresenta para os brasileiros no atual nível de destruição econômica provocado pelo golpe de Estado.
A primeira queda do PIB per capita começa em 2009, nos meados do governo do ex-presidente Lula, quando se completa um ano do estouro da crise mundial do capitalismo, onde o sistema financeiro inflaciona nas bolsas de valores dos EUA, em Wall Street, e as ações dos grandes capitalistas começam a quase que literalmente derreter. Neste momento, várias empresas e capitalistas de médio porte faliram. Em 2009 o que vemos no Brasil é o baque dessa crise mundial, com a direita e a imprensa burguesa omitindo totalmente o caráter internacional dessa crise, valendo-se da catástrofe capitalista para criticarem, pela direita, os governos petistas. A queda equivalente desse período, que vai do final de 2009 à 2011 é de 0,1% no Brasil.
Justamente nesse período vemos o golpe militar em Honduras, como a primeira experiência para impor na América Latina a retomada da política neoliberal organizada nas instituições do regime imperialista norte-americano.
Já entre 2013 e 2014 temos uma variação maior dessa queda, impulsionada pela crise mundial do capitalismo citada acima, mas também por acontecimentos políticos importantes. É nesse período que Honduras já é muito pouco aos olhos do consórcio do imperialismo mundial. A manobra da vez é o Brasil, país determinante na política a ser seguida em toda América Latina; o País com a burguesia mais rica, maior PIB, maior industrialização, em suma, maior desenvolvimento nacional. Em 2013 temos uma convulsão no País gerada por uma ampla mobilização, cuja resposta era contra a repressão dos governos regionais da direita. Direita essa que, mais pra frente, será designada como golpista. Já em 2014 quando o movimento se esfacela e é manobrado pela própria direita, sendo retiradas suas cores de luta e colocado no lugar o verde e amarelo, ocorrem as eleições presidenciais, onde o PT saiu vitorioso, abrindo de vez o caminho do golpe.
Desse período de 2014, onde a direita se lança em uma ofensiva para dar um golpe de Estado, que é consolidado em 2016, até 2020 a queda do PIB per capita é de 2,1%.
O pior dado nesse sentido é da crise do golpe de Estado até agora. Em de 2016 até 2018 nós vimos, nos dados, que o golpe de Estado não aplicou sua política neoliberal para ser sentida no início do golpe, embora Michel Temer não tenha esperado nem um pouco para aplicá-la a nível nacional e, com o passar do tempo, isso foi descendo em efeito cascata aos municípios mais longínquos. Até porque a crise política já era suficientemente tamanha para a direita brasileira não se diluir completamente no golpe. Por isso, teve um crescimento artificial entre esse período de exatamente 1500 reais per capita, o que é irrisório. Mas de 2018 à 2020, entre a fraude eleitoral que prendeu Lula, com a operação do Departamento de Justiça Norte-americano, a Lava Jato, e elegeu Bolsonaro, 36.000 per capita para 33.000. Sendo a maior baixa do país em décadas.
É evidente que o maior responsável por essa queda histórica é o imperialismo, que impôs um governo de características ditatoriais e bonapartistas para os brasileiros. Para decapitar essa política neoliberal dos ombros dos trabalhadores é preciso uma ampla mobilização que reverta o quadro do golpe de Estado no Brasil, modificando as forças do regime, a começar por uma mobilização política que exija a anulação dos processos contra Lula e a recuperação dos seus direitos políticos e com isso garantir a sua candidatura à presidência da República, justamente por ser a figura mais popular, que tem ligações com os trabalhadores em oposição ao golpe e ao imperialismo.