Contrariando as recomendações internacionais para realizar investimentos massivos em saúde e testes generalizados de detecção da Covid-19, o governo federal brasileiro permanece agindo de forma inconsequente – inclusive liberando atividades profissionais em academias e salões de beleza – e ainda prevê uma rápida retomada em caso de depressão econômica, a chamada “recuperação em V”.
Entretanto, a inação do governo federal na área da saúde torna ainda mais incerto o impacto da pandemia no país. Caso a estratégia da “imunização de rebanho” continue em vigor, com o pretexto de contaminar o maior número de pessoas para retomar as atividades produtivas no menor prazo possível, os sistemas públicos e privados de saúde nacionais entrarão em total colapso, o que poderá provocar milhões de mortes. Como defuntos não consomem produtos e serviços, à exceção dos préstimos funerários, a economia nacional poderá retrair-se ainda mais, retardando-se a desejada retomada financeira.
Até mesmo Armínio Fraga, tradicional direitista do mercado financeiro, considera improvável uma rápida recuperação da economia brasileira. Durante uma entrevista em abril deste ano, Fraga destacou que o ambiente financeiro será permeado por incertezas e dívidas enquanto não surgir uma vacina eficaz contra a Covid-19.
No plano internacional, o conservador Fundo Monetário Internacional (FMI) previu uma queda de 3% da economia global neste ano, o que poderá representar a maior recessão mundial desde 1929. Como medida atenuante sobre esse cenário crítico, o FMI recomenda a atuação do setor público, particularmente para minimizar os danos causados pela perda de emprego e renda.
Em relação ao Brasil, o governo ofereceu míseros R$600,00 para quem está regular com o Fisco e sem renda; para sacar esse dinheiro, muita gente está enfrentando filas enormes, o que favorece a contaminação pela doença pandêmica. No caso do Seguro Desemprego, a confusão para ter acesso a esse direito foi tão grande que, na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, várias pessoas madrugaram nas filas em frente à Agência Municipal de Emprego e à agência do Sistema Nacional de Emprego (SINE) na última segunda-feira, 11 de abril, de acordo com o Jornal NH.
Em outras palavras, enquanto o povo brasileiro sofre para acessar as políticas públicas que lhe é de direito, mais de dez mil pessoas morrem devido à pandemia, os poderes Legislativo e Judiciário decretam luto oficial, há um pretenso “sócio do coronavírus” que passeou de jet-ski em Brasília, esbanjando felicidade.
Assim, a população brasileira deve se organizar e manifestar o descontentamento pelas medidas precárias adotadas pelo governo federal. Nesse contexto, o “fora Bolsonaro” é o caminho de libertação contra esse grupo político anti-povo.