A queda do PIB no 2º trimestre do ano atingiu um patamar histórico: 9,7%, Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que caracteriza este como o pior resultado desde o início da série histórica, iniciada em 1996 no governo FHC (PSDB). Já a FGV (Fundação Getúlio Vargas) diz que não há registro pior desde 1980.
Foi o segundo trimestre seguido de retração confirmando a recessão técnica, esta ocorre quando por dois trimestres seguidos há retração do PIB (soma de tudo que a economia produz). A FGV já apontava a existência de um quadro de recessão ainda no primeiro trimestre do ano.
O fundo do poço foi em abril, mês dos lockdowns que fecharam cidades e estados. A reabertura gradual, iniciada em maio e junho foi insuficiente para melhorar o desempenho do PIB no trimestre. A catástrofe só não foi pior por causa das medidas para suavizar a crise, principalmente pelo auxílio emergencial. Essa renda extra impediu uma situação mais explosiva, mas não evitou a queda de 12,5% do consumo das famílias em relação ao trimestre anterior.
O economista Sérgio Vale da MB Associados diz que além do auxílio emergencial, contribuiu para amenizar a catástrofe a baixa adesão dos brasileiros ao isolamento social e o melhor desempenho do agronegócio com alta de 0,4%.
Juntando o desempenho do agronegócio com aumento das importações da China por minérios e petróleo, mais a supervalorização do dólar, chegamos a 35% ou 40% do PIB com impacto positivo no PIB.
Os serviços, que correspondem a 70% do PIB, encolheram 9,7%, a indústria encolheu 12,3%, sem compras de máquinas e equipamentos e ainda obras paralisadas levaram a redução de 15,4% da formação bruta de capital fixo (FBCF, que correspondem a investimentos) em relação ao trimestre anterior.
O Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV, diz que a política fiscal do governo representa 11,5% do PIB, sendo 8,27% em gastos e 3,21% em créditos. Tem o mesmo tamanho do aplicado pelos EUA. São valores muito elevados.
Com a crise econômica mundial arrastando-se desde 2008, sem previsão de recuperação e considerando que a situação crítica foi fortemente agravada pela pandemia -também mundial-, não era possível ter previsões otimistas. Os governos burgueses optaram por salvar a economia, deixando o povo, trabalhador, morrer pelo vírus, pelo aumento da miséria e e pela fome.
Até agora a burguesia não encontrou uma forma de reverter o quadro problemático, nem da pandemia e nem da crise econômica. E nesse contexto, as crises continuam a se aprofundar, aumentando a possibilidade de convulsões sociais, que já ocorrem mundo afora, tudo junto evidenciando que o sistema capitalista encontra-se em declínio mortal. Esse o quadro que posto no ano que se inicia.
Tabela I.2 – Revisão das taxas de crescimento do trimestre contra o mesmo trimestre do ano anterior | ||||
1º trimestre de 2020 | 2º trimestre de 2020 | |||
Antes (%) | Atual (%) | Antes (%) | Atual (%) | |
Agropecuária | 1,9 | 4,0 | 1,2 | 2,5 |
Indústria | -0,1 | -0,3 | -12,7 | -14,1 |
Serviços | -0,5 | -0,7 | -11,2 | -10,2 |
PIB | -0,3 | -0,3 | -11,4 | -10,9 |
Despesa de Consumo das Famílias | -0,7 | -0,7 | -13,5 | -12,2 |
Despesa de Consumo do Governo | 0,0 | -0,8 | -8,6 | -8,5 |
Formação Bruta de Capital Fixo | 4,3 | 6,0 | -15,2 | -13,9 |
Exportações de Bens e Serviços | -2,2 | -2,4 | 0,5 | 0,7 |
Importações de Bens e Serviços (-) | 5,1 | 5,2 | -14,9 | -14,6 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. |