O ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Sérgio Moro, ordenou que a Polícia Federal abrisse um inquérito por “ameaça e apologia ao crime” contra os responsáveis pela produção do curta-metragem Operação Lula Livre. O curta, que tem menos de 15 minutos, conta a história de um casal de guerrilheiros que sequestra a filha do ministro da “insegurança” “Célio Mauro”. Em troca da liberdade da filha do ministro, os guerrilheiros exigem a liberdade do ex-presidente “Luiz Jararaca da Silva”.
Durante as primeiras duas semanas, o curta-metragem alcançou apenas algumas centenas de visualizações no YouTube, onde o vídeo foi postado. No entanto, pouco tempo depois, mais de cem mil pessoas já haviam visto o curta. A repercussão foi tanta que a direita, que é escrachada no filme, resolveu partir censurar a obra do roteirista Alexandre Barata Lydia.
Abrir um inquérito contra o filme sob a acusação de que este faria “apologia” à violência é uma forma brutal de repressão e uma forma de ataque a toda a produção cultural do país. A liberdade artística e a liberdade de expressão devem ser plenas, incondicionalmente – afinal, não há “meia liberdade”. Com ou sem pretexto, quando não liberdade de expressão, há, inevitavelmente, censura.
Além de criminoso, uma vez que impõe, na prática, a censura, o inquérito da Polícia Federal escancara o cinismo da direita golpista. Não há nada mais violento do que a burguesia, que organizou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula e colocou Jair Bolsonaro no poder. A direita está matando sem-terra e indígenas todos os dias nos campos, dizimando o povo negro nas cidades e ameaçou, por várias vezes, pôr os tanques das Forças Armadas nas ruas para garantir que seus interesses fossem cumpridos.