A criação da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS) está associada à mobilização popular pela exploração petrolífera no território nacional, conforme os interesses do povo brasileiro.
Após a descoberta dos campos petrolíferos do Pré-sal, nas profundezas da costa marítima brasileira, houve o esforço do grupo político de centro-esquerda que governou o país até 2016, para priorizar a exploração e a distribuição das riquezas oriundas dessa atividade petrolífera, favorecendo o desenvolvimento socioeconômico nacional. Um exemplo disso foi a Lei Federal nº12.858/2013, que estabeleceu o uso dos royalties para a saúde e a educação.
Contudo, como a Petrobras opera no mercado capitalista, com fortes empresas concorrentes no mercado internacional, o Pré-sal suscitou o interesse de companhias estrangeiras. Tanto é verdade que Shell, Exxon, Equinor, British Petroleum e Total passaram a operar no Pré-sal desde a mudança do marco regulatório ocorrida em novembro de 2016, após a derrubada do governo petista.
Por outro lado, desde o ano de 2014 houve, no Brasil, uma operação jurídico-policial, com forte apelo publicitário, que atacou a gestão da Petrobras. Dentre os desdobramentos, houve a deposição da Presidenta eleita em 2014, a prisão de um ex-Presidente que poderia ser reeleito em 2018, a ascensão de um grupo político de extrema-direita ao Poder Executivo Federal, com forte desejo de fatiar e repassar ao setor privado a maior quantidade possível de atividades executadas pela Petrobras, e a nomeação do principal magistrado ligado àquela operação iniciada em 2014 para o cargo de Ministro da Justiça.
Uma das consequências da política privatista de mercado na gestão atual da Petrobras é a demissão de cerca de mil trabalhadores na Fábrica de Fertilizantes do Paraná (FAFEN), operada por essa companhia. Em decorrência disso e de outros problemas de gestão identificados pelos trabalhadores do setor petrolífero, nos últimos dias foi deflagrada a greve dos petroleiros.
A continuidade da atual política para o setor petrolífero brasileiro poderá representar a obtenção e a remessa de lucros para as grandes companhias internacionais, os salários achatados para os trabalhadores brasileiros do setor, os quais atuarão predominantemente em funções operacionais (as funções gerenciais de maior remuneração poderão ser majoritariamente ocupadas por estrangeiros), o uso de tecnologia estrangeira, e a ampliação dos danos ambientais decorrentes das atividades de exploração e transporte do petróleo, particularmente na faixa litorânea brasileira.
Portanto, no contexto regulatório e político atual, ao povo brasileiro poderá restar o parco giro da economia a partir dos assalariados contratados para atuar nos negócios estrangeiros em terras nacionais.
Nessa perspectiva, o povo trabalhador deve apoiar, de conjunto, a greve dos petroleiros, e aprofundar a luta pelo fora Bolsonaro. Lutar para que a empresa seja totalmente estatal, sob o controle dos trabalhadores.