O Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), acompanhado por diversas associações de moradores das cidades vizinhas – Associação de Pescadores de São Francisco do Conde, Sitcan, Sindsefran e sociedade, realizou, nesta terça-feira (7), um ato na Refinaria Landulpho Alves-Mataripe (RLAM) contra a visita da comitiva da estatal petroleira chinesa, a Sinopec, uma das petroleiras estrangeiras interessadas na compra das refinarias brasileiras, que foi acompanhada pela alta cúpula da direção da Petrobras.
Segundo Jairo Batista, coordenador geral do Sindipetro Bahia, “A visita dessa comitiva à refinaria visa satisfazer a segunda fase do processo de venda. Nós, trabalhadores da Petrobras, ativos, terceirizados e aposentados, somos totalmente contrários, assim como a sociedade, por conta do investimento financeiro, do trabalho e da luta feitos pela e para a estatal. Não é justo entregar assim de bandeja para os estrangeiros”.
Os petroleiros afirmam que a luta contra a privatização do Sistema Petrobras ultrapassa as questões corporativas. Essa deve ser uma luta de toda a sociedade, ponderou o coordenador do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, lembrando o importante papel desempenhado pela estatal em prol do desenvolvimento do Brasil. “A venda das refinarias é um ataque à soberania nacional e a autonomia do país em relação ao processamento de derivados de petróleo, colocando um setor estratégico da economia brasileira nas mãos de empresas estrangeiras”.
A campanha de privatização de uma das maiores empresas do país pelo governo ilegítimo do fascista Jair Bolsonaro, respaldado pelo atual presidente Roberto Castello Branco está fazendo com que os petroleiros fiquem cada vez mais apreensivos.
São mais de 13 mil petroleiros que podem perder o emprego, uma demissão em massa envolvendo trabalhadores efetivos e terceirizados. Nos últimos cinco anos, um em cada quatro trabalhadores efetivos da Petrobras foi desligado da empresa. Entre os terceirizados, foram dois em três”, alerta o coordenador da Federação Única de Petroleiros – FUP, José Maria Rangel, e, ainda, que 270 mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados, já perderam seus postos de trabalho em função do desmanche do Sistema Petrobras.
A essa completa destruição e desmanche da estatal, também se soma a insistência da empresa em assediar os trabalhadores adotando metas de saúde e segurança como critérios para pagamento de bônus e concessão de vantagens.
Pressionado por Guedes que fala em recuperação da empresa, atacando o chamamento de greve, com ameaças de demissão inclusive, o sindicato fez um levantamento da repercussão dessa política entreguista contra a categoria e apurou que, entre 2013 e 2018, a Petrobras registrou a maior queda no número de trabalhadores entre as grandes petroleiras do mundo. O número de trabalhadores da companhia caiu 26,4%, de 86.108 para 63.361 trabalhadores. No mesmo período temporal, a Total elevou em 5,7% seu quadro profissional, passando de 98.799 para 104.406 trabalhadores. Entre trabalhadores terceirizados o corte de pessoal foi ainda maior: de 360.372 trabalhadores em 2013 para 112.362 no primeiro trimestre deste ano, um corte de 68,8%.
Além de demissões e transferências em massa, a atual gestão da Petrobras vem promovendo uma política de venda de diversos ativos da companhia que tende a aumentar ainda mais o corte de pessoal da empresa. A consequência disso será o aumento da taxa de desemprego, que ficou em 12,5% no terceiro trimestre, de acordo com o IBGE, números esses de dezembro de 2019.
As taxas de desemprego e desocupação são, inclusive, mais uma prova de que o ministro Paulo Guedes está equivocado quando, ao criticar os petroleiros, mencionou uma suposta recuperação da economia brasileira. Ao contrário do que prega Guedes, analistas apontam um crescimento pífio do PIB para 2019, demonstrando assim que não há a recuperação que o ministro diz ocorrer.
Para impedir os ataques e a entrega da estatal ao capital estrangeiro, ao imperialismo, a única forma eficaz de luta neste momento é a intensificação das mobilizações. A greve já sinalizada é o estopim para isso. Mesmo assim, a garantia do sucesso da mobilização só se afirma com um pronunciamento mais incisivo dado pela ocupação das plataformas e refinarias, e dos principais pontos da empresa pelos trabalhadores.
Não existe outra alternativa que possa assegurar um retrocesso do governo no cronograma de entrega da empresa senão uma radicalização do movimento, que, inclusive, deve ser acompanhada de toda a classe trabalhadora do País, que precisa, necessariamente, que a CUT, os sindicatos combativos das principais categorias, chamem a responsabilidade pra si tomando a dianteira de atos e manifestações de apoio e solidariedade aos petroleiros, exigindo que a estatal permaneça como patrimônio público nacional, 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores.