Mesmo com a estimativa de lucro superior a R$31 bilhões para o ano de 2019, a direção golpista da Petrobrás anunciou o encerramento das atividades referentes a oito sondas de produção terrestre que operavam no estado da Bahia, o que levará mais de 600 trabalhadores ao desemprego. Segundo nota do Sindipetroba(Sindicato dos Petroleiros da Bahia), as demissões se somam a cerca de 400 trabalhadores terceirizados já demitidos desde outubro do ano passado pela política de desmonte da estatal no estado, além de aproximadamente mil que perderão o emprego com a desativação da sede administrativa, que deve ocorrer até o fim do semestre.
O diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, afirma que as decisões tomadas pela direção da Petrobrás e o governo golpista de Jair Bolsonaro “estão sendo feitas a partir de uma decisão política”, informando também que os poços em vias de desativação “estão dando bons resultados e o seu custo de produção é cada vez menor”.
A motivação política é clara. A aparente incoerência lógica entre o crescimento do lucro e a política de desmonte só pode ser compreendida se lembrarmos que desde 2016 estamos sob a vigência de um golpe de Estado, que começa com a derrubada do governo democraticamente eleito de Dilma Roussef mas obviamente, não iria para ali. O objetivo fundamental era permitir o avanço de um regime de ataques generalizados contra a população, de modo a atender os interesses do imperialismo em crise pela acentuação da crise financeira de 2008. Esses interesses estavam mais do que manifestos desde a espionagem feita pelo governo americano contra a então presidenta Dilma e revelada por Edward Snowden, que em 2013, revelou que além da presidenta, a Petrobras era alvo da espionagem americana. Mesmo com o estardalhaço das revelações de Snowden(que precisou se refugiar na Rússia para não ser assassinado pelo democrático imperialismo norte americano), em 2014 os golpistas dariam inicio à famigerada operação Lava Jato, mirando exatamente a empresa estatal e o governo petista.
Setores oportunistas da esquerda pequeno burguesa logo “esqueceram” as denúncias de Snowden para abraçar as denúncias forjadas pela espionagem americana(Manuela D’Ávila chegou a dizer que a Lava Jato tinha um “bonito interesse”), o que levou ainda mais confusão à população e criaram um terreno fértil para que a operação golpista prosperasse. 5 anos depois, nem Luciana Genro(candidata pelo Psol na época) virou presidenta, nem Marcelo Freixo foi eleito prefeito do Rio e nem “Manu” conseguiu a vitória da civilização contra a barbarie.
Outro que tem se destacado pelo oportunismo mais rasteiro e barato é o governador petista da Bahia, Rui Costa. Após a vitória eleitoral da “barbárie” nas fraudulentas eleições de 2018, Rui Costa tem procurado se adaptar a ditadura que se constrói no lugar de combatê-la. Em setembro de 2019, prometeu mobilização contra o fechamento da Petrobrás no Nordeste porém, 4 meses depois, a única mobilização realizada foi a da direita, que na época já havia desempregado mais de 400 trabalhadores e agora liquida mais de 600 empregos sem qualquer reação do governador. Todos os acordos de portas fechadas que resultaram em ataques contra os trabalhadores baianos, incluindo a bolsonarista reforma previdenciária estadual, podem ter alguma utilidade futura para o político mas de nada serviram ao conjunto da classe trabalhadora da Bahia.
O golpe contra os 54 milhões de brasileiros que votaram em Dilma Rousseff e a guinada à direita de setores do PT como Rui Costa demonstram que os trabalhadores nada tem a ganhar com o fetichismo eleitoral propagado pela esquerda pequeno burguesa. Só uma ação enérgica, organizada e coletiva da classe trabalhadora pode por fim ao regime de ataques do governo golpista e acuar os cavalos de Tróia dentro da esquerda, tipos que por um cargo ou uma boquinha que seja, fazem qualquer negócio.