A Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão divulgou um inquérito sorológico com dados alarmantes. Através de um grande número de testes realizados em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e com o Laboratório Central do Maranhão (LACEN) foi estimado que 40% da população do estado já foi infectada pelo novo coronavírus.
Segundo o epidemiologista do departamento de Saúde Pública da UFMA e coordenador do estudo, Antônio Augusto Moura da Silva, um fator que explica a grande diferença no cálculo da subnotificação no estado é a precisão do teste realizado. Ao invés de realizar testes rápidos, a partir da coleta de sangue foi utilizado o método de eletroquimioluminescência para analisar a presença de anticorpos. Entre o final de julho e início de agosto foram coletadas 3.159 amostras de sangue em 69 municípios do estado.
Ao contrário do que os pesquisadores esperavam, a tal imunidade coletiva ou “imunidade de rebanho” não foi atingida com o índice de 20% de infectados. Um estudo publicado em julho havia sugerido essa possibilidade.
O que mais chama a atenção nesses dados é que muito provavelmente refletem a situação real do país inteiro, onde praticamente não se testa para a doença. Em geral, a única estratégia adotada pelos governadores foi o distanciamento social e agora, pela pressão política exercida em especial pelos bancos, essa estratégia está sendo abandonada em praticamente todos os países.
Como o PCO avisou ainda em março, um combate sério à pandemia envolve um conjunto de ações que demandam verbas e luta política, como a estatização de todo o sistema de saúde, dos laboratórios e da produção dos equipamentos de saúde. Ainda aumentar as verbas para a saúde, contratar todos os profissionais necessários e construir de abrigos para a população sem teto, por exemplo.
A testagem massiva da população já era uma estratégia eficaz e conhecida no começo da pandemia. Como colocamos meses atrás, os testes deveriam estar disponíveis em todos os serviços de saúde. Isso envolveria, além da estatização do sistema de saúde, o aumento das verbas.
Sem perder de vista que a crise sanitária veio em meio a uma grave crise econômica, colocamos também a necessidade de proibir os cortes de água e luz, assim como as demissões, assim como aumento dos valores do bolsa-família. Ao invés de instituir uma caça às bruxas, como está sendo feito com a distribuição de multas, seria preciso distribuir gratuitamente máscaras, luvas, álcool em gel e remédios.
As limitações do estado capitalista ficaram especialmente em evidência neste período. Segundo o discurso da burguesia (que acaba sendo repetido tanto por políticos direitistas quanto esquerdistas) o estado precisa funcionar como uma empresa, preocupado prioritariamente com o balanço das contas. No entanto, um estado verdadeiramente democrático deveria ter como preocupação fundamental o cuidado com a sua população.