De acordo com pesquisa divulgada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), cerca de 32% da população do estado do Rio de Janeiro recebeu o auxílio emergencial durante o período da pandemia. O total de beneficiários em todo o estado foi de 5,5 milhões de pessoas. Na capital fluminense, foram mais de 2 milhões recebendo o auxílio, totalizando 30%. O município com maior número de beneficiários foi o de Búzios, com mais de 58%.
Os dados explicitam a gravidade da situação econômica que o país enfrenta e também o caso particular do Rio, onde 1/3 da população não vai conseguir sobreviver sem o auxílio. Esse auxílio que esquerda busca reivindicar como uma vitória parlamentar da oposição no Congresso foi, na verdade, uma alternativa desesperada da burguesia para conter a revolta iminente da população. Considerando o altíssimo índice de desemprego, que se acentuou ainda mais durante a pandemia, a população pobre já se encontrava num estado onde nem o mínimo para subsistência estaria garantido, o que poderia acarretar em saques a supermercados, por exemplo, o que de fato aconteceu.
Cabe lembrar também que, no início da pandemia, a burguesia destinou 1,2 trilhões para os bancos, demonstrando claramente que, para a população, só sobraria as migalhas. Os R$600,00 do auxílio evidenciam que se trata de uma esmola só para evitar maiores convulsões políticas e que colocariam o controle do regime em cheque. Nos últimos meses do ano de 2020, o governo anunciou uma redução do valor para R$300,00 e já decidiu que não pretende manter o auxílio para o próximo ano.
A crise econômica é tão acentuada que a burguesia já não tem mais mecanismos para tentar controlar a situação e vai deixar toda a população à sua própria sorte, como já faz desde o início da pandemia, não fornecendo testes, leitos ou qualquer iniciativa que buscasse combater o vírus.
A conduta adotada por boa parte da esquerda é a defesa desse valor ínfimo, que mal garante uma cesta básica para uma família pequena. Sem contar toda a fraude operada, onde milhares de brasileiros em condições de extrema pobreza não conseguiram sequer ter acesso ao auxílio.
O auxílio deve ser mantido e o seu valor deve ser aumentado para que de fato dê condições de vida dignas para a população desempregada. O fim do auxílio configuraria, no caso do estado do Rio de Janeiro, em 5,5 milhões de pessoas sem nenhuma renda que garantisse sua comida no prato. Essa política de terra arrasada deve ser amplamente denunciada e as organizações populares e dos trabalhadores devem ter um programa concreto de enfrentamento da crise econômica e da crise da pandemia.