Um instituto claramente vinculado a grupos empresariais, defensores do golpe de Estado, da criminosa operação Lava Jato e de toda a campanha direitista de “combate à corrupção, o Atlas Político, que se apresenta como um “projeto” que “busca acelerar o processo de renovação e responsabilização da política brasileira”- divulgou nesta semana, uma suposta pesquisa que mereceria destaque em um programa do tipo inusitado, ao estilo “acredite se quiser”.
Claramente identificados com a frente que apoiou a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro – ainda que a contragosto, por não terem conseguido emplacar uma outra alternativa golpista – o Atlas, só não chega ao extremo de dizer que o seu governo desfruta de uma ampla popularidade. Mas chega bem perto disso.
O “querido” Bolsonaro
Três meses depois da posse do governo que – de acordo com os dados oficiais e altamente duvidosos do TSE – obteve o apoio forçado de apenas 39% do eleitorado, ou seja, que não contou com o voto de 61% dos eleitores e quando é visível “a olho nú” a profunda crise e perda de apoio minoritário e eleitoral que “conquistou” graças ao afastamento ilegal do candidato que a imensa maioria do povo queria votar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a “pesquisa” do Atlas aponta um reduzido recuo do apoio do presidente, tentando fazer crer que haveria uma situação de empate entre os que avaliam o governo Bolsonaro como “ótimo ou bom” – 30,5% – e os que consideram o governo “ruim ou péssimo” – 31,2%. O governo amplamente repudiado, que vem sofrendo divisão e crise internas, ainda seria avaliado como regular por 32,4 dos entrevistados. (veja quadro abaixo)
Fraude total: Moro seria o político mais popular do País
Em se dando crédito aos dados divulgados pelo Atlas, claramente favoráveis ao governo que perde a cada dia parcelas expressivas do apoio minoritário que detinha, sendo considerado pela própria imprensa burguesa e pelos institutos burgueses de pesquisa como o “mais impopular dos presidentes em primeiro mandato”, desde o final da ditadura militar, não só Bolsonaro não estaria tão mal avaliado assim como também o governo seria integrado por outras figuras populares, tais como os ministros da Justiça, Sérgio Moro, e o da Economia, Paulo Guedes que teriam uma “imagem positiva” para 61,5% e 39,1% dos entrevistados, respectivamente; tendo entre eles – na liderança da popularidade, o próprio presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, que teria uma “imagem positiva”para 49,5% dos “ouvidos” pelo Atlas.
Isso quando esses senhores já não tem um apoio expressivo e declarado, nem mesmo entre setores reacionários que apoiaram a ascensão do novo governo, como próprio congresso nacional
Só os partidos de direita teriam crescido no apoio popular
Mesmo em meio a toda a crise e divisão interna no governo e no crescente clima de revolta contra os ataques o governo e seus ataques (como a “reforma” da Previdência), aumento do desemprego etc., expresso – entre outros – nas manifestações populares no carnaval , a mirabolante pesquisa do Atlas Político, indica que a esquerda e seus partidos teriam perdido apoio e, em contrapartida, quem teria crescido na preferência popular seriam os partidos de direita, indicando – supostamente – que o povo teria gostado de ver o presidente e os políticos do PSL denunciados por ligação com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, no uso de candidatos laranjas, no apoio ao golpe militar, an defesa da reforma que ninguém quer etc.
Assim o PT de Lula que teve sempre (comprovado nas eleições, mesmo sem Lula) de cerca de um terço do eleitorado, mesmo diante da crise do governo, teria perdido cerca de 50% do seu apoio e seria o partido preferido de apenas total de 15,8% dos que supostamente participaram da pesquisa. Por sua vez, o recém criado Partido Social Liberal (PSL), da família Bolsonaro teria passado à segunda posição, com 5,5% da preferência. O partido criado pelos banqueiros, que governa com ampla reprovação em Minas Gerais – o Partido NOVO, estaria em terceiro lugar, com 2,1% da preferência.
E a maioria quer Lula
A “pesquisa” faz jus à data em que foi supostamente realizada (1º de abril, “dia da mentira”), e talvez não se destine mesmo a ser digna de qualquer crédito. Ela aponta também, que 57,9% dos “entrevistados” seriam a favor da prisão de ex-presidente Lula, que completa um ano no próximo dia 7 de abril e que é, reconhecido por todos (mesmo pela maioria dos seus adversários) como a maior liderança popular do País.
Outra explicação para os “resultados” de tal pesquisa, como ocorre com a quase totalidade dos “estudos” e “análises” realizadas pela imprensa capitalista golpista é que longe de se constituírem em “termômetros” que indicam – com mais ou menos distorções da realidade – a opinião de uma certa “população” por meio de amostragem, é que ela tenha sido feita entre pessoas da burguesia e setores da direita pequeno burguesia que diante do desmoronamento visível do governo Bolsonaro mantêm sua posição contra a esquerda, seus líderes e partidos que expressam (ainda que de formas variadas) a ampla insatisfação da esmagadora maioria da população contra o governo e o regime golpista. Longe de ser uma “medida”, tais pesquisas não são mais do que parte de uma campanha publicitária, a favor das posições que os “donos da pesquisa” e do golpe gostariam de ver como sendo a opinião da maioria do povo.