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Crise política no Peru

Peruanos saem às ruas contra o golpe e gritam “Merino usurpador”

Golpe contra Viscarra evidencia crise entre os diferentes setores da burguesia peruana

Diante da derrubada, por meio de um golpe de estado, do presidente peruano Martin Viscarra na segunda-feira, 9,  a população saiu as ruas esta semana contra a ofensiva golpista  e a crise econômica e sanitária que atinge o Peru devido à pandemia do coronavírus. O país latino-americano é o que apresenta a maior taxa de mortalidade da doença dentre as 20 nações mais afetadas pelo coronavírus. O Peru registra 87,53 óbitos por 100 mil habitantes.

O impacto da doença somou-se com a crise econômica, somente no segundo semestre a economia peruana apresentou uma queda de mais de 30%. Esta instabilidade aprofundou a crise política no país, a qual se arrasta há vários anos. A derrubada do atual presidente Viscarra do Partido Peruano por el Kambio, PPK, ligado à direita peruana, é mais um episódio da luta política entre os setores da burguesia no Peru.

Primeiramente é preciso destacar a farsa da acusação que levou à derrubada de Viscarra, o que evidencia o golpismo, o ex-presidente foi acusado de “incapacidade moral permanente”, uma acusação puramente subjetiva, sem qualquer materialidade. Acusação esta que já fora utilizada diversas vezes no interior do regime político peruano.

Na realidade a ação judicial contra Viscarra parte da vertente peruana da Operação Lava Jato brasileira. Com base nas supostas denúncias de corrupção, o judiciário peruano atua para manobrar o regime político aos interesses imperialistas. Foi assim com Viscarra, fora assim com Kuczynski antes dele.

Kuczynski renúncia após supostas denúncias de corrupção

Após vencer as eleições de 2016 no Peru contra a candidata apoiada pelo fujimorismo, Keiko Fujimori, com uma margem muito estreita de votos. O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, do PPK, renunciou em 2018 devido as denuncias de corrupção devido a um suposto envolvimento seu com pagamentos de propinas feitas pela empresa Odebrech.

A campanha contra a corrupção no Peru atingiu diversas figuras políticas do país, dentre elas o ex-presidente Alan Garcia, ligado a setores mais à esquerda do regime político peruano.  Acusado de receber propina, Garcia acabou se suicidando em sua casa no inicio de 2019, momentos antes de ser preso.

Com a saída de Kuczynski, Martín Viscarra assume o governo em 2018 com o discurso vinculado basicamente à “luta contra a corrupção”. Em seu discurso de posse naquela época afirmou, por exemplo, que a justiça deveria trabalhar “com independência e autonomia”.

Golpe contra Viscarra leva aliado de Fujimori ao poder

Passados dois anos no governo, Viscarra renuncia demonstrando que a crise política no Peru continua presente, um reflexo da crise social naquele país. Em seu lugar assume o governo Manuel Merino aliado direto do chamado fujimorismo.

O fujimorismo no Peru está ligado à verdadeira ditadura neoliberal imposta por Alberto Fujimori durantes os anos 1990 no Peru. Fujimori chega ao poder no início da década de 1990 após, de maneira surpreendente, ganhar as eleições do candidato da direita tradicional peruana, Mario Vargas Llosa, o qual concorria pela Frente Democrática.

Com discurso de aparência popular antes das eleições, Fujimori logo que assume o poder adota o programa político de seu adversário, ou seja, um programa neoliberal escancarado e atua como um capacho dos interesses econômicos do imperialismo

Em 1992, após uma aliança com as forças armadas, Fujimori impõe uma espécie de autogolpe, dissolvendo o Congresso, e governando de maneira ditatorial contra a população.

Fujimori favorece abertamente os interesses imperialistas, abrindo a economia do país, como a privatização das minas, das empresas de telefonia, etc. O dinheiro que entrava com a venda dos recursos  nacionais não era convertido na melhoria das condições de vida da população, levando à mais da metade do povo à pobreza.

No campo político, o governo endurecia a repressão, assumindo cada vez mais um caráter de extrema-direita. Atua no desmantelamento da organização guerrilheira Sendero Luminoso, com a prisão de sua principal liderança Alberto Guzmán em 1992.

Durante seu governo, Fujimori organiza grupos paramilitares que atuam na repressão contra as tentativas de mobilização e oposição ao governo.

A luta pelo poder entre os setores da burguesia e o aprofundamento da crise

A volta de um aliado deste setor da extrema-direita ao poder no Peru demonstra que a crise política naquele país está longe do término. Merino é o terceiro presidente que assume o governo nos últimos quatro anos.

A mobilização popular nas ruas evidência um descontentamento popular, muito associado com a crise econômica e a pandemia, situação que tende a se aprofundar com o agravamento destes fatores.

 

 

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